100 anos da excursão ao Maribondo (Parte IV)
karla-armani-medeiros - 5 de dezembro de 2023

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani
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De Ribeirão Preto, os excursionistas passaram por Jardinópolis, Sales de Oliveira e Orlândia até chegarem em Guaíra. Essa nossa vizinha, fundada em 1908, situava-se entre os rios Grande, Pardo e Sapucaí. No livro “De S. Paulo à Cachoeira do Maribondo em automóvel”, Seu Osório a descreve como “plantada no meio daquele quasi sertão, não tem estradas de ferro, mas em compensação o povoado, com suas ruas já alinhadas, possue a sua instalação electrica, pharmacia, medico, e algumas casas regulares”. O automóvel chamou dos viajantes a atenção: “A Hudson, desfiando a fraca luz electrica de Guayra, parecia mais um trem illuminado a giorno. O efeito foi retumbante. Innumeras pessoas acercaram-se de nós, [...], e diziam que naquela villa jamais um carro daquele tamanho ousára penetrar”.
Depois de Guaíra, o destino era Barretos, a “cidade boca do sertão”, para então finalmente chegarem em Água Doce e ao Maribondo. Entre Barretos e Guaíra havia oito léguas, e a estrada que interligava as cidades era a “pior de todos os caminhos”, pois, além do leito de passagem ser de buracos com capim e a Hudson atolar em vários momentos, ainda tiveram de pagar “direito de passagem” (pedágio) para uma senhora loira abrir a porteira. Ficaram indignados.
Quando chegaram, a estrada seguia no sentido da rua 16, então, encontraram a estação ferroviária e ali tiraram uma fotografia da rua, bem como da praça e da estação de trem. Essa fotografia é raríssima, pois eu nunca tinha visto uma imagem da fachada da primeira estação de Barretos (que foi demolida em 1928 para se construir a atual).
Barretos foi descrita por Seu Osório como a “cidade dos boiadeiros”. Os quatro viajantes e os dois choferes seguiram ao Central Hotel, na avenida 23 esquina da rua 18 (um prédio lindo, mas que hoje é segmentado). Seu proprietário era Chiquinho Braga e ele foi muito elogiado pelos viajantes não só pelas instalações, comida e boa prosa, mas também pelos conselhos que lhes deu a respeito dos perigos da cidade e da visita à cachoeira, ofertando-lhes, inclusive, uma espingarda para proteção. [continua].
PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC. www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani