100 anos de Matinas Suzuki
O Diário - 10 de janeiro de 2025
Mussa Calil Afilhado de Matinas Suzuki e de Dona Verídiana
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Hoje, o amigo, ativista cultural e médico brasileiro Matinas Suzuki completa cem anos. Ele não está mais por aqui, mas é como se estivesse.
Meu padrinho, receba todos os holofotes da luz, fazendo destas mal traçadas linhas um pingo d’água na imensidão somada de todos os oceanos. Que assim seja: uma gota de orvalho, como aquela que o fotógrafo-poeta faz escorrer sutilmente pelo externo carnudo de uma pétala vermelha da rosa ofertada para sua Santa Teresinha.
Salve, Mestre! Diretamente da casa acolhedora do Bairro Exposição, junto com a madrinha Verídiana e seus filhos — Vera, Matinas, Marcelo, Márcio, Maurício e Marcos —, constituíram uma família maravilhosa.
Conheci o Suzuki corajoso, que partiu com amigos para resgatar sua esposa e duas professoras do Ginásio Vocacional, presas pela ditadura militar, libertando-as dos carrascos da masmorra.
No final de 1984 e início de 1985, ele também achava que eu estava meio doidão por causa da transferência do rodeio. Mas, mesmo assim, recebi do Suzuki o incentivo e a inspiração para improvisar a primeira Festa do Peão no cerrado, que virou Parque. Esses conselhos eu sempre recebi ali no Laboratório da Rua 28. Ganhamos confiança na implantação do Parque. Ah, e ganhei muitos livros do Doutor.
O olhar 43 de Matinas Suzuki, emoldurado pelas baforadas da cultura e da ciência, administrou, de uma única vez, as Secretarias da Educação, Cultura, Esporte e Turismo. Deu conta com fôlego e folga.
Antes disso, ainda estudante, foi cartunista do jornal O Estado de São Paulo. E tem mais: agitou pacas na classe médica, na política do Chão Preto, nas presidências da FEB e da Academia Barretense de Cultura.
Na sua biblioteca havia muitos milhares de livros e espaço para o seu próprio, editado em 1997.
É uma honra ter o privilégio de ter convivido com ele e usufruído de tão raro manancial de sabedoria, coragem, estética e solidariedade humana. Sabemos que os registros do seu livro Memórias de um Vivente Obscuro vão eternizar as palavras do mais lúcido e equilibrado guru contemporâneo que pisou do lado debaixo do Equador.
Nosso Matinas é imortal, é de coração valente, de carne e osso, bom amigo, bom moço. Matinas: cem anos sem censura, sem limites calendários.