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31 de dezembro, dia de Silvestre

karla-armani-medeiros - 31 de dezembro de 2024

31 de dezembro, dia de Silvestre

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

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Trinta e um de dezembro de 335 é a data de falecimento e festa litúrgica do papa Silvestre I, canonizado como São Silvestre. Bem distante no tempo e lugar, também é o dia do nascimento de Silvestre Gomes de Lima, em 1859, o prefeito poeta de Barretos. É bem provável, então, que dona Francisca Miquelina e o sr. Vicente, seus pais, lá em Ventania (MG), deram-lhe este nome por ele ter nascido no dia do santo.

            Falando nele, Silvestre I ficou conhecido na história do catolicismo por ter sido papa durante o reinado de Constantino I, imperador romano que por habilidade política determinou o fim da perseguição aos cristãos, fato que deu início à “Paz na Igreja” após a assinatura do Édito de Milão. São Silvestre foi um dos primeiros santos canonizados pela Igreja Católica sem ter sofrido martírio, e seu pontificado marcou a construção das primeiras basílicas romanas e símbolos católicos, numa época de transição da Roma não cristã para o catolicismo oficializado.

            No caso do nosso Silvestre, o mineiro que se tornou prefeito de Barretos duas vezes (entre 1894-1896 e 1908-1914), a história evoca interessantes passagens. Longe de querer romantizar sua vida a ponto de forçá-lo a ser mártir, herói ou algo parecido, hoje é dia de Silvestre e por isso seria de bom tom escrever sobre algo bem vivido em sua biografia: a poesia (a cultura que Barretos precisava recuperar!). Antes de vir a Barretos, Silvestre viveu sua mocidade no Rio de Janeiro e lá, amigo de grandes nomes literatura brasileira, escrevia poemas que circulavam na grande imprensa. Com fulgor e emoção, sua pena servia para provocar a sociedade ao revelar os horrores da escravidão em versos poéticos, direcionando-se ao Imperador Pedro II e chamando a atenção da princesa Isabel, que, inclusive quis conhecê-lo. Era um abolicionista letrado e fervoroso.

            Não por acaso, esses personagens tão diferentes, mas com o mesmo nome e dia, um de falecimento e outro de nascimento, emergem nessas linhas de 31 de dezembro para oferecer histórias de entendimento, mas sem perder a poesia, o ímpeto e a coragem para mudar o que for preciso; independente do tempo e do espaço.  

São lições de um santo e de um poeta para você, neste 31 de dezembro.