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Emergência Médica Oftalmológica

O Diário - 27 de novembro de 2022

<strong>Emergência Médica Oftalmológica</strong>

Saúde: Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros, especialistas em oftalmologia pelo Wills Eye Hospital, no Estados Unidos, são orientadores da Liga Acadêmica de Oftalmologia da FACISB (LAOF)

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Os médicos oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck e Dra. Daniela Monteiro de Barros explicam  o que fazer em caso de acidentes oculares

A exposição química a qualquer parte do olho ou pálpebra pode resultar em uma queimadura química dos olhos. A queimadura química ocular é considerada uma das maiores EMERGÊNCIAS oftalmológicas. Inúmeros trabalhos científicos demonstram que dentre os agentes químicos causadores de queimaduras oculares, as substâncias alcalinas ou ácidas são as mais frequentes responsáveis por graves sequelas à saúde ocular.

A gravidade da lesão ocular depende da substância que a causou, quanto tempo a substância tem contato com o olho e como a lesão é tratada como explicam os médicos Dr. Fernando Heimbeck  e Dra. Daniela Monteiro de Barros.

“Grande parte dos incidentes que provocam queimaduras acontecem por negligência, ou seja, poderiam ser evitados se os devidos cuidados fossem adotados. Acometem frequentemente os dois olhos e são causa de 7 a 17% dos casos relatados de traumas oculares. A maioria das vítimas é do sexo masculino E jovem; 60% ocorre no local de trabalho e 40% em casa. Aproximadamente 90% das injurias poderiam ser evitadas”, disse Dr. Fernando.  

Enquanto as queimaduras por agentes térmicos são provocadas por fogos de artifício e água fervente, as queimaduras químicas são as mais urgentes e geralmente são causadas 2/3 por álcalis e 1/3 por ácidos. As queimaduras álcalis mais comuns incluem o hidróxido de amônia (soda cáustica), o hidróxido de Cálcio (cimento) e o hipoclorito de Sódio (Água Sanitária). As queimadas alcalinas são as mais perigosas pois  têm um alto pH , penetram a superfície do olho e podem causar danos graves tanto às estruturas externas como a córnea e as estruturas internas como cristalino.

Os ácidos mais comumente associados às queimaduras são o ácido sulfúrico (bateria de carros), o ácido clorídrico (limpa pedra) e o ácido Fosfórico (remoção de ferrugem). Estes agressores causam danos intra-oculares menores, pois a precipitação das proteínas (coagulação) atua como barreira mecânica para a penetração da substância agressora.

Outras formas de queimaduras que devem ser tratadas como queimaduras químicas são aquelas provocadas por gás lacrimogêneo, spray de pimenta e gás liberado ao disparo do air bag quando veículo colide.

Tratamento das queimaduras oculares

A médica Daniela Monteiro de Barros explica sobre o tratamento imediato das queimaduras químicas consiste na irrigação abundante do olho, usando a fonte de água que estiver mais disponível (chuveiro, torneira, bebedouro, mangueira ou banheira). “Quanto maior o intervalo de tempo entre o acidente e a irrigação com água, pior o prognóstico. A vítima não deve esperar por soro fisiológico estéril para iniciar a irrigação”, disse.

Após a lavagem inicial, a pessoa que sofreu a queimadura deve ser levada imediatamente para um pronto-socorro ou um centro médico oftalmológico, onde a lavagem será mantida pelo tempo necessário estipulado pelo médico especialista.

A ocorrência de acidentes envolvendo queimaduras, na maioria das vezes, ocorre no ambiente de trabalho. Por essa razão, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é fundamental.

Contudo, dentro de casa ainda estamos expostos ao risco. Por isso, a oftalmologista recomenda cuidado redobrado ao manejar produtos químicos, especialmente produtos de limpeza, alvejantes, produtos de piscina, produtos para jardinagem.

A oftalmologista Daniela Monteiro de Barros lembra que caso os olhos sejam atingidos por uma dessas substâncias, “o paciente deve sempre lavar abundantemente os olhos com água corrente e em seguida procurar o mais breve um serviço especializado oftalmológico ou Pronto Atendimento a fim de minimizar os danos e evitar sequelas irreversíveis’, disse a médica.