Liga Acadêmica de Oftalmologia orienta sobre prevenção de doenças que causam cegueira
O Diário - 28 de abril de 2024

SAÚDE: Os oftalmologistas dr. Fernando Heimbeck e dra. Daniela Monteiro de Barros, especialistas em oftalmologia pelo Willis Eye Hospital, no Estados Unidos, são orientadores da Liga Acadêmica de Oftalmologia
Compartilhar
Com a coordenação de especialistas, alunos de Medicina destacam a importância da campanha Abril Marrom
Com a coordenação dos oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck e Dra. Daniela Monteiro, a Liga Acadêmica de Oftalmologia (LAOF) da FACISB - representada pelos alunos Sarah Magalhães Ferreira Maia, Guilherme Stabile, Letícia Camargo e Beatriz Ribeiro - orienta a população sobre a prevenção de doenças que causam a cegueira.
A atividade integra a campanha Abril Marrom, idealizada em 2016 pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Os estudantes do curso de Medicina tiveram a coordenação do especialista em Córnea e Cirurgia Refrativa pelo Wills Eye Hospital (EUA), Dr. Fernando Heimbeck (CRM: 104.673), e da especialista em Glaucoma pelo Wills Eye Hospital (EUA), Dra. Daniela Monteiro de Barros (CRM:109.939).
Confira a seguir as principais orientações sobre o tema.
O DIÁRIO: Qual o objetivo da campanha “Abril Marrom” e quais as principais causas de deficiência visual?
SARAH MAGALHÃES FERREIRA MAIA: A campanha Abril Marrom tem como objetivo conscientizar a população sobre a Prevenção, o Combate e a Reabilitação às diversas doenças que podem acometer os olhos e levarem à perda irreversível da visão. Entre as causas mais comuns de deficiência visual estão: os Erros de Refração (miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo), a Catarata, Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI), Glaucoma e a Retinopatia Diabética.
O DIÁRIO: Qual o índice de pessoas atingidas pela cegueira no Brasil?
GUILHERME STABILE: Há aproximadamente 29 milhões de pessoas com algum grau de perda de visão no Brasil, sendo dessas, 1,8 milhões com perda total (cegos).
O DIÁRIO: As doenças oculares que causam cegueira são tratáveis?
GUILHERME STABILE: A cegueira e a deficiência visual podem ser evitadas e tratadas em cerca de 80% dos casos. Há doenças que não existe cura mas existe tratamento eficaz como no glaucoma. É quase quatro vezes mais comum em pessoas pobres e analfabetas, que vivem em áreas periféricas e rurais, do que em bairros ricos. Para reduzir a cegueira e a deficiência visual, é preciso aumentar o acesso aos serviços de atenção oftalmológica, fortalecendo os serviços públicos nas áreas mais pobres de cada país. O acesso a cuidados com a visão podem reduzir a deficiência visual e os erros de refração ao longo do curso da vida.
O DIÁRIO: Boa parte das cegueiras poderiam ser evitadas?
LETÍCIA CAMARGO: Sim. Segundo a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira (The International Agency for the Prevention of Blindness – IAPB) há cerca de 1,1 bilhão de pessoas com deficiência visual no mundo, sendo que a maioria dos casos poderiam ser evitados ou dispõe de tratamento. É por isso que o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) incentiva a campanha Abril Marrom, para orientar a importância da prevenção à cegueira antes que os primeiros sintomas da baixa visão apareçam.
O DIÁRIO: Quando é preciso procurar um médico oftalmologista?
LETÍCIA CAMARGO: Muitas doenças oftalmológicas só são percebidas pelo paciente quando estão em estágio avançado, como o glaucoma. Por isso, é necessário conscientizar a população para que consulte o oftalmologista no mínimo uma vez ao ano, principalmente naqueles com fatores de risco, depois dos 40 anos e naquelas pessoas com história familiar de doenças oculares. Check-ups periódicos são de extrema importância, pois dessa forma é possível diagnosticar precocemente as doenças por meio de exames feitos no consultório médico. Caso haja algum sintoma eventual, como desconforto ocular, visão embaçada, moscas volantes na visão, sombra no campo de visão, procure imediatamente o médico oftalmologista. O auxílio médico especializado pode tratar e prevenir possíveis complicações, e evitar a cegueira.
O DIÁRIO: Após os 40 anos existe diferença na avaliação oftalmológica?
BEATRIZ RIBEIRO: Sim. A partir dos 40 anos, torna-se essencial a realização anual da tonometria ocular (medição da pressão ocular) em busca de glaucoma; da fundoscopia (exame de fundo de olho) para avaliação da retina e nervo óptico, a fim de identificar danos que doenças como diabetes e maculopatias senis podem causar à visão; e de exames de grau, principalmente o teste de leitura para identificação de presbiopia relacionada à idade. Após avaliação e juntando-se os possíveis fatores de risco do paciente – pessoas com doenças sistêmicas como diabetes, hipertensão arterial, reumatismo, uso de determinados medicamentos, histórico familiar – pode ser necessário a realização de exames mais profundos para critério diagnóstico. Haja vista alguma alteração ou fator de risco, pode ser indicado um acompanhamento mais individualizado, com avaliações a cada 6 ou 3 meses a depender do caso.
O DIÁRIO: Após os 60 anos existe alguma indicação sobre avaliação oftalmológica?
BEATRIZ RIBEIRO: Diferentemente da crença popular, a baixa de visão em idosos não deve ser considerada normal. A maioria das doenças oftalmológicas em idosos possuem tratamento, são elas: catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade e retinopatia diabética. É importante que a família e a própria pessoa percebam quando há redução da visão e encaminhar ao oftalmologista, visto que isso pode comprometer a autonomia do indivíduo e, consequentemente, prejudicar sua qualidade de vida. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde, 75% da população mundial de deficientes visuais têm mais de 60 anos. Com isso, torna-se imprescindível manter o exame oftalmológico atualizado, desde a atualização dos óculos até a realização de exames específicos.
PREVENÇÃO
Os oftalmologistas Dr. Fernando Heimbeck e Dra. Daniela Monteiro concluem orientando que um simples exame de óculos pode ser a chave para evitar uma cegueira no futuro. Por isso é fundamental que seja realizado por um médico oftalmologista. Também ressaltam que a prescrição de óculos é um ato médico.