A antológica letra do fado português, de autoria de Fernando Pessoa – “Navegar é preciso, viver não é preciso”, induz a uma série de interpretações e meditações.

Uma das interpretações nos leva a crer que navegar é preciso, extraindo forças da necessidade de seguir, enquanto forças houver, trabalhar, melhorar e servir a quem de nós necessita. Realizar algo bom faz a vida valer a pena.

Estou a fazer essas meditações porque vi e ouvi aqui em Barretos uma série de interpretações, no mais das vezes injustas, em relação a um fato político recente reunindo duas forças, até então antagônicas, em prol e benefício daquilo que denominamos bem comum e com vistas ao futuro do resultado que se propõe atingir.

De fato, devemos ter na vida, enquanto planejamos o futuro, a possibilidade de percorrermos mais de um caminho, ou plano, sejam eles “a”, “b” ou “c”, desde que se nos apresente resultados plausíveis e/ou factíveis.

Na verdade, precisamos de avaliar os agentes envolvidos, suas performances na vida, caracteres pessoais e atitudes em face à sua comunidade. Já sob o aspecto político devemos entender que, atualmente, os partidos políticos deixaram de lado suas características meramente ideológicas, para se aterem aos aspectos de caráter fisiológico. Foi-se o tempo em que um partidário da UDN, por exemplo, mudava de lado na calçada para não passar ao lado de um filiado ao PSD.

Para tanto, não faz muito tempo, foi criado o chamado centrão para onde convergem forças antagônicas ideologicamente, com vistas a práticas mais fisiológicas no sentido de poderem sentar à mesa e discutirem projetos de interesse social e coletivo.

No nosso caso em particular, não só acatando orientações suprapartidárias, como, e principalmente determinações de quem detém o poder com muita eficiência, foi possível a união, tudo muito bem pensado em relação aos benefícios que advirão futuramente.

EVARISTO ANANIA DE PAULA

Advogado. Promotor de Justiça aposentado