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Ela, sim, é a verdadeira Arca da Aliança

Diocese de Barretos - 18 de agosto de 2024

Ela, sim, é a verdadeira Arca da Aliança

Ela, sim, é a verdadeira Arca da Aliança

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(Por: Dom Milton Kenan Jr)

Ao celebrar a Assunção de Nossa Senhora ao céu em corpo e alma, a liturgia coloca à nossa frente o episódio do encontro de Maria, a Mãe do Senhor, com Isabel, sua parenta que, embora em idade avançada, encontrava-se no sexto mês de gravidez. Trata-se de um texto com várias citações do Antigo Testamento que revelam a importância desse encontro.

Entre as expressões significativas deste texto destacam-se as palavras de Isabel: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (v. 43). É a mesma expressão utilizada por Davi quando transportou para Jerusalém a arca da aliança, na qual se acreditava estar presente o Senhor. Ao acolhê-la o rei exclamou: “Como entrará a arca do Senhor em minha casa?” (2Sm 6,9).

Há alguns detalhes que relacionam a visita de Maria em paralelo com o episódio da arca da aliança: tanto Maria quanto a arca permanecem “três meses” em uma casa da Judéia. A arca é recebida com danças, gritos de alegria, cantos de festa e é motivo de bênçãos para a família que a acolhe (2Sm 6,10-11) e Maria, entrando em casa de Zacarias, faz exultar de alegria o pequeno João Batista, que representava todo o antigo Israel que aguarda a chegada do Salvador.

Lucas, assim, procura apresentar Maria como a nova arca da aliança. Ao fazer-se homem, Deus não habita mais em construções de pedra, mas no ventre de uma mulher. O filho de Maria é o próprio Senhor.

O sinal incontestável da presença da arca da Aliança é a alegria. Aonde quer que chegue, Maria provoca uma explosão de alegria – o pequeno João exulta de felicidade, Isabel proclama a sua alegria por ser visitada pelo Senhor, os pobres exultam porque chegou o momento da sua libertação.

Mas no breve diálogo, Maria é proclamada “bem-aventurada” porque acreditou no cumprimento das palavras do Senhor (v. 45). Quantas promessas Deus fez pela boca dos profetas! Quando, porém, elas demoraram para se realizar, os homens duvidaram da fidelidade do Senhor. Preferiram confiar em si mesmos, nos seus raciocínios, nos seus projetos e acabaram por ir ao encontro de insucessos sistemáticos, Maria, ao invés, é “bem-aventurada! Porque confiou em Deus, cultivou a certeza de que, apesar das aparências contrárias, a palavra do Senhor se cumpriria.

“Bem-aventurada és tu que creste”. É essa a primeira bem-aventurança que se encontra no evangelho de Lucas. Maria é bem-aventurada não porque viu, mas porque confiou na palavra de Deus. A fé autêntica – aquela da qual Maria dá prova – não necessita de demonstrações, de verificações, funda-se somente sobre a escuta da Palavra e se manifesta na adesão incondicional à própria Palavra.

O cântico do Magnificat expressa a acolhida que Maria faz da Palavra de Deus na sua vida. Em breves palavras Maria diz que quem deve ser glorificado é Deus e não ela; e as maravilhas de Deus consistem em acolher os pequenos e servir-se deles para realizar o seu projeto de salvação.

Celebrar a Assunção de Maria é celebrar a profunda união entre ela e seu Filho Jesus. Aquela que viveu em tudo unida a seu Filho nesta terra, agora, como primícias da vida futura, convive com ele na glória do céu.