Certa feita, no período infraconstitucional de l.988, participei de um evento ocorrido na sede do Ministério Público do Estado de São Paulo e lá tive a oportunidade ímpar de me encontrar, cumprimentar e apresentar-me a Dom Paulo Evaristo Arns, um dos palestrantes naquele congresso. Nosso encontro foi pontual e tivemos um momento para estabelecer uma forte corrente energética.

Assim, ao nos apertarmos as mãos disse-lhe: “Dom Paulo tenho a mais grata satisfação em lhe conhecer e dizer-lhe que também me chamo Evaristo”, no que ele me respondeu: “também tenho satisfação em lhe conhecer, mas quero que saiba que todo Evaristo é malandro”. 

Não tive a menor dúvida em lhe devolver a abertura que me foi dada para retrucar – “Dom Paulo, mas devemos considerar que existem duas exceções, a primeira é o Senhor e a segunda sou eu”. Seguiram-se gostosas risadas e cada um seguiu seu caminho mais leve e feliz, espero!

Fiz as considerações iniciais para poder abordar um assunto que considero relevante e que trata exatamente do perfil e papel exercido pelo Ministério Público em face aos interesses de nossa sociedade como um todo, da qual é o seu mais legitimo defensor, em que pese estar a instituição passando por um processo de transição, como o está a própria sociedade brasileira e mundial com o advento de novos usos e costumes e que tem sido incorporados pelas atuais gerações.

De certa forma sinto-me realizado, enquanto membro vitalício desta instituição, face a ter tido a oportunidade de vivenciar dois de seus momentos históricos. Aquele anterior à constituição de l.988 quando se tinha a visão de ser o Ministério Público apenas um órgão específico da atividade governamental, e o outro após o seu advento, agora com características assemelhadas a ser o quarto poder estatal, com áreas de atuação estanques e especializadas, oportunizando uma melhor distribuição em sua atuação.

EVARISTO ANANIA DE PAULA

Advogado. Promotor de Justiça aposentado