Confira orientações de especialistas para prevenção ocular na primeira infância

Os oftalmologistas Dra. Daniela Monteiro de Barros (CRM:109.939) e  Dr. Fernando M. Heimbeck (CRM: 104.673) orientam a população sobre a importância da prevenção ocular na primeira infância, através da realização do chamado “Teste do Olhinho”. A atenção especial da semana foi para para campanha “De olho nos olhinhos”, que conscientiza a populacão sobre o Retinoblastoma. Na entrevista a seguir, os especialistas esclarerem sobre o tema. 

O DIÁRIO:  O que é o Retinoblastoma? 

DRA. DANIELA: O retinoblastoma é o tumor maligno intra-ocular mais frequente nas crianças e é mais comum em bebês. Aproximadamente 90% dos casos são descobertos abaixo dos 5 anos. A doença se desenvolve na retina, camada mais interna do olho e é uma doença rara que acomete 200 a 300 casos novos por ano no Brasil. O Retinoblastoma pode se apresentar em um olho (60% casos) ou ser bilateral. 

O DIÁRIO: Qual a importância do diagnóstico precoce dessa doença? 

DR. FERNANDO: Quando diagnosticado precocemente, é uma doença curável, inclusive na preservação da visão, mas se diagnosticado tardiamente, pode provocar cegueira e até levar a criança à morte. É importante que os pais estejam cientes dos possíveis sinais e sintomas do retinoblastoma e que levem a criança ao médico assim que notarem qualquer alteração suspeita o mais breve possível. 

O DIÁRIO: Quais são os sinais e sintomas de alerta? 

DRA. DANIELA: O reflexo pupilar branco (leucocoria), conhecido como “olho de gato”, é o sinal mais comum do retinoblastoma, que consiste no reflexo da pupila esbranquiçado. Há também o estrabismo, que é a condição na qual os dois olhos não parecem olhar na mesma direção. Outros sinais e sintomas menos comuns são dor nos olhos, diminuição da visão, abaulamento dos olhos , cor diferente de cada íris e a vermelhidão na parte branca do olho.

O DIÁRIO: Como é feito tratamento do Retinoblastoma?

DRA DANIELA:  O tratamento é complexo, individualizado e  depende de equipe multidisciplinar. Dentre as modalidades terapêuticas utilizadas temos a terapia a laser, Braquiterapia (radioterapia), Crioterapia, Quimioterapia e Enucleação (extração cirúrgica do globo ocular). Mas é fundamental destacar que, com diagnóstico precoce, as chances de curas atingem mais de 95%, por isso a importância de uma campanha de conscientização do Retinoblastoma e do Teste do Olhinho. 

O DIÁRIO: O “Teste do Olhinho” traz algum risco ou dor para o bebê? 

DRA. DANIELA: Para alívio dos pais, o teste do reflexo vermelho mais conhecido como “Teste do Olhinho” é um procedimento bem rápido, indolor, não machuca a criança e deve ser realizado até 72 horas de vida. Após essa abordagem inicial, o exame dever ser repetido pelo pediatra ao menos três vezes ao ano, nos três primeiros anos de vida da criança. Na identificação de qualquer anormalidade, a criança deve ser encaminhada para consulta com oftalmologista, que aprofundará a investigação e indicará o tratamento mais efetivo para o caso. Recomenda-se que, além da avaliação pediátrica, bebês de seis a 12 meses passem por um exame oftalmológico completo e, se possível, repetir o exame anualmente até pelo menos 7-8 anos de idade 

O DIÁRIO: Como o “Teste do Olhinho” é realizado? 

DR. FERNANDO:  Uma fonte de luz sai de um aparelho chamado oftalmoscópio, como uma “lanterninha”, onde é observado o reflexo que vem das pupilas. Quando a retina é atingida por essa luz, os olhos saudáveis refletem tons de vermelho, laranja ou amarelo. Se houver alguma alteração na córnea, cristalino (lente natural dos olhos) ou na retina, por exemplo, teremos um reflexo esbranquiçado chamado de leucocoria ou ausência do reflexo. 

O DIÁRIO: O “Teste do Olhinho” pode ajudar no diagnóstico de outros problemas oftalmológicos? 

DRA. DANIELA: Sim, a comparação dos reflexos dos dois olhos também fornece informações importantes, como a presença de alguns tipos de estrabismos, catarata congênita, glaucoma congênito e retinoblastoma. A Organização Mundial de Saúde indica que bebês prematuros devem obrigatoriamente realizar o teste visual para afastar o risco de Retinopatia da Prematuridade, principal causa de cegueira infantil na América Latina. A triagem deve ser feita o quanto antes porque algumas patologias causam lesões irreversíveis e podem serem até fatais.