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O discípulo siga o exemplo do Mestre: servir, e não ser servido

Diocese de Barretos - 19 de outubro de 2024

O discípulo siga o exemplo do Mestre: servir, e não ser servido

O discípulo siga o exemplo do Mestre: servir, e não ser servido

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Na segunda metade do Evangelho de Marcos, logo após a confissão de fé feita por Pedro em Cesareia de Filipe (8,27-30), encontramos verdadeiro descompasso entre o que Jesus se considera e aquilo que os discípulos compreendem a seu respeito. O Cristo é o novo Servo de Adonai, que vem para resgatar o mundo do pecado – essa mensagem é o clímax do Evangelho deste domingo. Os discípulos, por sua vez, da mesma maneira que Simão Pedro, não compreendem ao certo quem é Jesus. Estão seguindo o Senhor, mas acreditam ser ele um homem que se mobilizará para tomar o poder político na cidade de Jerusalém. Jesus, contrariamente, põe-se na posição de servo; não vem para ser servido, mas para servir e dar sua vida para a salvação de muitos.

Os discípulos, como se estivessem surdos aos ensinamentos de Jesus, produzem um incidente que lança maior luz sobre a obtusidade deles a respeito do sentido do seguimento que estão vivenciando. Trata--se da solicitação de Tiago e João de que um se sente à direita e outro à esquerda de Jesus. Tiago e João, juntamente com Pedro, formavam o círculo mais próximo de Jesus, um círculo de amizade, que acompanhou o Mestre até mesmo em sua transfiguração na alta montanha (Mc 9,2-13). Eles, porém, não compreendendo o destino de Jesus logo após esse evento, pedem ao Senhor que tenham um lugar ao seu lado em sua glória.

No v. 39 se destaca o protesto confiante dos discípulos – registro repleto de ironia, à luz de sua covardia durante a paixão. Vale ressaltar que, nos Evangelhos sinóticos, os discípulos desaparecem após a tripla negação de Pedro; somente permanecem em cena as mulheres, que vão ao Gólgota assistir à crucificação de Jesus, depois embalsamam seu corpo e, no terceiro dia, o testemunham ressuscitado, encontrando o sepulcro vazio.

O v. 41 traduz a indignação dos dez discípulos. Jesus começa a ensiná-los, e a ironia marca profundamente esses ensinamentos. Por exemplo: “aqueles que governam as nações” – governar e dominar representa o modus operandi daqueles que tiranizam. O v. 43 marca o modo de ser dos que se propõem seguir Jesus: “aquele que dentre vós quiser ser o grande, seja vosso servo”. O termo-chave em Mc 9,35 é diakonos, que literalmente significa “aquele que serve à mesa”, servo de todos. Aqui, no v. 44, usa-se doulos, termo com uma carga ainda maior de humildade do que diakonos. Por fim, Jesus conclui com aquilo que pode fazer conexão intrínseca com a primeira leitura: o Servo sofredor. Ele utiliza a imagem do Filho do Homem, que retrata sua própria humanidade: “não veio para ser servido, mas para servir” (Revista “Vida Pastoral, Paulus, n. 359).