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A varrição das calçadas 

O Diário - 27 de outubro de 2024

A varrição das calçadas 

Rosa Carneiro é empresária e presidente da Academia Barretense de Cultura

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Na mais tenra idade, tínhamos por tarefa às sextas feiras, após a aula na escola, varrer o imenso quintal de terra batida de nossa casa no sítio. 

Sob o sol escaldante, minhas irmãs e eu cumpríamos a obrigação deste grande desafio. Era uma peleja, pois com uma vassoura duas vezes o nosso tamanho, no calor e na poeira conseguíamos deixar o espaço organizado e o lixo depositado num grande buraco ao lado do galinheiro, preparado para acondicionar os detritos, que mais tarde seriam queimados.

Em seguida, com uma borracha jorrando água da cisterna motorizada molhávamos o grande quintal e aí ... a deliciosa brincadeira começava. Era água para todos os lados. No fim da operação o quintal se encontrava limpo, sem poeira, e nós como pintainhos após a refrescante chuva. 

Naquele momento, as garotas estudantes se transformavam em empacotados bichinhos como os da “Caravana da coragem” e a cantarolar, desempenhavam suas funções domésticas, com carinho e apreço.

Ainda bem que a varredura se dava somente  uma vez por semana!

Hoje, passados muitos anos morando num espaço todo calçado, lembro-me com saudades daquela época em que além de estudar, pedalávamos por três km para chegar à escola, também tínhamos diversos afazeres domésticos.

Ah! Tempos idos, tempos vividos!

Mais tarde, a tarefa da varrição do quintal nos acompanhou com a limpeza da calçada que deveria estar sempre asseada, sem aqueles incômodos dejetos de animais, lixo desfeito, vias públicas no descaso próprio do ser humano.

É notório que o estado da calçada reflete a condição do interior de cada residência.

Como seria ótimo, se ao caminhar pela cidade pudéssemos admirar a beleza de um jardim simples, mas bem cuidado, calçadas limpas sem a necessidade de desviarmos da goma de mascar presa em pedra do piso, dejetos de animais domésticos ou então, obstáculos como pisos soltos, que sem a nossa devida atenção, nos levaria ao chão.

E aquela árvore, se manutenção tivesse, ofereceria sua abençoada copa, para que pudéssemos caminhar alguns passos sob seu frescor, diminuindo assim o nosso cansaço e o desalento de assistir a um cenário desanimador.
 Façamos a nossa parte, pois a educação de um povo se reflete nos mínimos detalhes. Vamos valorizar mais os espaços em que vivemos e respeitar quem vive a nosso lado?

Rosa Carneiro é empresária e presidente da Academia Barretense de Cultura