Depressão: Um mal que vai além da mente
O Diário - 1 de novembro de 2024
Gabriel Martins Belentani, estudante do 4º período do curso de medicina da FACISB, orientado pelas professoras: Maria Luiza Nunes Mamede Rosa e Bárbara Sgavioli Massucato
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A depressão, um transtorno mental crônico que afeta globalmente mais de 300 milhões de pessoas, é uma das principais causas de incapacidade. É diferente das mudanças de humor regulares e dos sentimentos sobre a vida cotidiana. Pode afetar todos os aspectos da vida, incluindo a vivência na comunidade, em casa, no trabalho e na escola. Além do sofrimento emocional, a doença também está associada a diversas comorbidades, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e, surpreendentemente, problemas ósseos.
A depressão resulta de uma interação complexa de fatores sociais, psicológicos e biológicos. A pandemia da Covid-19 agravou ainda mais esse cenário, elevando em 25% a incidência global dos distúrbios de ansiedade e depressão. O isolamento social, a incerteza e as perdas contribuíram para esse aumento, impactando a saúde mental de milhões de pessoas e, consequentemente, outras comorbidades.
Evidências têm demonstrado uma relação entre depressão e doenças mais conhecidas como diabetes, obesidade, problemas cardiovasculares, entre outras. Entretanto, uma série de estudos têm também demonstrado que há uma relação entre a depressão e a saúde óssea. A tristeza profunda, a perda de interesse em atividades prazerosas e a fadiga, sintomas característicos da depressão, levam muitas pessoas a se isolarem e reduzirem a atividade física, fatores que contribuem para a perda de massa óssea. Além disso, os estudos mostram que a depressão está associada a alterações hormonais e inflamatórias que afetam diretamente a saúde dos ossos aumentando o risco de osteoporose e fraturas.
Esta relação entre depressão e saúde óssea traz um alerta importante na escolha do tratamento destes pacientes. É fundamental que médicos e pacientes considerem os possíveis efeitos dos medicamentos antidepressivos sobre os ossos, especialmente em mulheres na pós-menopausa. O tratamento da depressão deve ser abrangente e considerar não apenas os sintomas emocionais, mas também os impactos da doença na saúde física. A combinação de psicoterapia e medicamentos, juntamente com a prática regular de atividade física, uma dieta equilibrada e um sono de qualidade, pode ser fundamental para o tratamento eficaz da depressão e a prevenção de complicações como a osteoporose.
Gabriel Martins Belentani, estudante do 4º período do curso de medicina da FACISB, orientado pelas professoras: Maria Luiza Nunes Mamede Rosa e Bárbara Sgavioli Massucato