Lembro-me dele. Era imaginativo e inseguro, gostava de estar entre amigos, amava os amigos mais que tudo. Parte dele era realmente agradável e parte se esforçava excessivamente para agradar. Essa segunda parte dominou sua personalidade insegura no início da profissão. Gostava de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, com todos na mesma hora. Hoje acho que era sede de vida, de gente, de comunicação, de pele. Ao mesmo tempo exacerbava seu pavor de profundidade, de intimidade, de amar, de pele. Mas amava, daquele jeito, do seu jeito. E era amoroso, daquele jeito, do seu jeito. Ele acreditava em si e em seus amigos, acreditava acima de tudo em seu próprio estilo, e sua resistência a adversidades, quis provar seu jeito e provou. Hoje vejo a beleza desse menino, coração do tamanho do mundo, uma resistência e coragem de gente grande, de quem acreditava que um dia poderia ser grande. Fez o que pode, tentando ser grande. Ele se foi. As pessoas tem um pavor exagerado do pensamento na morte, que virá para todos nós. Em qualquer momento, inevitavelmente. Com mais ou menos sofrimento e dor. Acredito também que pouquíssimos querem morrer, o que me leva a concluir que ninguém quer que este momento chegue, e eu me incluo. Agora, sempre tenho para mim que chegado o momento, fiz o máximo que pude em vida, me dedicando as coisas que acreditei e julguei importantes. Mudei algumas coisas, ajudei algumas pessoas, machuquei muitas, irritei outras tantas, mas meu coração sempre foi meu guia e através dele Deus sempre me falou. E se o momento chegar chegou e ponto final. Fiz muitas coisas e vivi uma boa vida. Mas esse dia ainda NÃO é hoje. Calma, como diz o ditado: um dia de cada vez. Até amanhã e um ótimo domingo para você.