Dia Nacional do Samba
O Diário - 3 de dezembro de 2024
Coriolano Neves é Jornalista e Diretor Cultural da Estrela
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O samba chegou e fez morada por aqui. Conseguiu expressão no início dos anos 30. O Bloco Carvão Nacional, criado por músicos pretos nos domínios da Estrela D’Oriente, criou um forte batuque. Surdos fabricados com barricas, latões, couro, baquetas pesadas de madeira introduziram essa batucada reveladora.
A Estrela tornou-se celeiro da percussão. Ritmo forte, vibrante, agressivo, executado como verdadeiro desabafo do grito contido pela recente escravidão. Comum o couro do surdo manchado de sangue. Era a vez de ser visto, era a época de também se ver, de cantar, de extravasar. Magníficos surdeiros, tamborinistas, caixistas, pesados chocalhos, vozes fortes, danças exageradas, o requebrado, o passista, o baliza, tudo crescendo, aprendendo, ensinando, fazendo, vivendo. Oscarzinho, o grande mestre, apitando o Bloco Carvão Nacional. O Carnaval, o Bloco, a Escola de Samba, reforçando em nós o sentimento de negritude. Era mais forte. A cidade saía para ver e aplaudir. A voz grave do Oscarzinho trazia a altivez de um verdadeiro rei. O Batuque do Cacique do Morro, criado no alto da cidade pelo lendário Zé Ramilo e sua família fundia-se com grito de guerra. Salvador Lima, Arlindo Barracão, puxadores inesquecíveis, sem microfone, cantavam no Bloco escolado por Américo Espindola, adornado de cetim por Dona Chiquinha e Dona Vitalina, mulheres pretas poderosas. Efigênia empunhava com raça e força o pesado estandarte do Bloco Carvão Nacional. Waldemar Nogueira, da Nenê da Vila Matilde, chega por aqui trazendo mais samba. Introduzindo novos instrumentos e mudando para sempre o batuque local. Tivemos grandes escolas de samba em Barretos, além do Jockey e Rio das Pedras. Geraram vidas, talentos, emoções, valores. Mas cadê o nosso samba de rua?
Estrela, Vila Marília, Mocidade, Aruanda, Esperança, Imperadores, Gaviões Dourados, Liberdade, cadê vocês? Cadê suas comunidades? Onde estão seus tamborins?
O samba é o mais importante gênero musical do País. Tem forte influência nas comunidades! Vamos respeitar! Meu tributo ao SAMBA!
Coriolano Neves - Jornalista – Diretor Cultural da Estrela