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Ao redor da mesa

O Diário - 8 de fevereiro de 2025

Ao redor da mesa

Rosa Carneiro é empresária e presidente da Academia Barretense de Cultura 

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Alimento é sinal de vida e comunhão. Vida porque nos nutre. Comunhão porque nos aproxima uns aos outros. Desde os povos antigos e nas mais diversas culturas, a família reunida para comer e beber reveste-se de um simbolismo bastante significativo, muito além do sustento da vida biológica. Ao redor da mesa, estabelecem-se as relações familiares.

A mesa é forte símbolo de integração e convivência, de comunhão e fraternidade. Ao seu redor partilha-se alimentos, diálogo, amabilidades, alegria, descontração...

Em razão da correia e da diversidade de funções que os membros da família assumem, alimentarem-se juntos tornou-se, no mundo moderno, uma prática muito difícil. Enquanto o pai volta do trabalho, o filho está indo para a escola. Quando o pai e a mãe têm um espaço de folga para o descanso em casa, o filho sai para namorar, para praticar algum esporte com os amigos, para frequentar algum curso.

A mesa da refeição é, hoje, substituída por outras: a dos negócios, planejamentos, jogos, debates... O diálogo familiar cedeu lugar à conversa ao celular, ao programa de TV, à música do rádio, à leitura do jornal, à internet. Há famílias que lutam para ver se conseguem, pelo menos uma vez por semana, reunir-se para partilhar a refeição: atitude louvável num tempo de tanta correria e de tantos atrativos oferecidos pela sociedade.

Os membros da família em detrimento a alguma atividade devem esforçar-se para, pelo menos, uma vez por semana sentar-se à mesa com o propósito de, juntamente com todos, partilhar daquela refeição com alegria e confraternização. É nesse momento que se ensina boas maneiras às crianças, que se ouve suas novidades, que se agradece pelo bem recebido, o alimento. Este costume une os familiares de uma maneira concreta e espiritual.

Devemos aproveitar o que temos e quando temos o alimento. Pior é a situação das famílias que não se reúnem em volta da mesa por não terem o que por sobre ela.

Se as políticas de combate à fome estão reduzindo o número de famintos no Brasil, devemos reconhecer que ainda há muito por fazer, também quanto aos países submersos na miséria e na fome. Enquanto houver um faminto no mundo, não podemos nos acomodar. A fraternidade nos leva a ser conscientes do dever de nos mobilizar auxiliando sempre que possível, creches, asilos. Enfim, onde existir vida temos a responsabilidade de fazê-la melhor, a começar pelos mais necessitados.