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Ver com o coração

Diocese de Barretos - 2 de março de 2025

Ver com o coração

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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Neste domingo, o último antes de iniciarmos o tempo quaresmal, Jesus ainda no discurso que dirige aos discípulos e à multidão na planície chama nossa atenção para a importância de agir em tudo como Ele que sendo Mestre e Senhor, tem um olhar cheio de compaixão e palavras e gestos que revelam a justiça do Reino de Deus. Nas palavras de Jesus hoje vemos presente um método de análise da realidade que por muitos anos foi adotado pela Igreja e que continua sendo valido para os nossos dias também. Trata-se do método ver-julgar-agir. Ver a realidade, julgá-la com os critérios do Evangelho para a partir daí agir em conformidade com a vontade de Deus. Jesus diz que é preciso saber ver, pois da nossa visão depende o caminho que escolhemos para percorrer. Ele diz que “um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo formado será como o mestre”. Seremos sábios se soubermos ver com o seu olhar, com o olhar de Cristo que vê além as aparências; que vê o coração. Ver com o coração significa olhar o mundo e a vida em profundidade, com a capacidade de maravilhar-se diante da beleza presente no mundo e que, muitas vezes fica escondida diante da propagação das mazelas humanas.

            Mas ver com o coração é também superar a tentação de julgar pelas aparências. Jesus é categórico quando diz: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Se agimos assim sempre prontos para criticar os erros dos outros perdendo de vista nossas próprias falhas.

             É preciso que aprendamos a olhar como Ele faz, Ele não vê primeiro o mal, mas o bem. Quando olha para alguém ele não se concentra nos erros, mas nos filhos que comentem erros, nas pessoas que estão sujeitas a errar e que se erram precisam de ajuda para se corrigir.

            Se olharmos o mundo com seus olhos e julgarmos as pessoas com os seus critérios, nossas obras serão como “bons frutos”, capazes de encher de um novo sabor a vida do mundo.