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A Esperança virou saudade, afirma carnavalesca

Sandra Moreno - 1 de março de 2025

Marlene Oliveira é a única mulher a comandar uma escola de samba de Barretos

SAUDADE: Marlene de Oliveira relembra tempos de ouro do carnaval

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No compasso ritmado dos surdos e tamborins, Marlene Rosa de Oliveira, 69 anos, ainda escuta o eco do passado. No carnaval de 1985, ela não era apenas espectadora, mas protagonista de um enredo inesquecível: foi em sua casa, no bairro América, que nasceu a escola de samba Esperança. Mais do que uma agremiação, era o sonho de uma comunidade inteira, um batuque diferente que ressoava forte na avenida. Entre conquistas, desfiles marcantes e enredos inovadores, Marlene viveu o carnaval intensamente, sentiu o coração acelerar a cada entrada na passarela e viu sua Esperança se transformar em uma potência.

Hoje, a folia já não pulsa como antes, mas as lembranças permaneceram vivas em álbuns antigos, cuidadosamente guardados. Folheando as páginas desgastadas pelo tempo, os olhos de Marlene brilham entre sorrisos, suspiros e lágrimas. Ao rever as fotografias da escola de samba Esperança, Marlene se transporta para um tempo em que o carnaval era feito com paixão, suor e sacrifício. As lembranças brotam naturalmente a cada página, as madrugadas no barracão, a preparação das fantasias, a organização dos desfiles e a expectativa para ver sua escola brilhar na avenida. “A gente fazia as coisas com carinho, com amor. Cada fantasia que eu fazia tinha um pedaço de mim. O carnaval era diferente, feito com amor”.

Em outra fotografia, a escola de samba exibe seus núcleos verde e branco, imponente, disputando títulos com garra e determinação. “Aqui, eu estava na avenida, olha só como eu sorria,” comenta, apontando para uma imagem em que brilha no meio do desfile na avenida.

A saudade pesa no coração da carnavalesca, que carregou por anos a presidência da sua grande paixão. “Era diferente, as pessoas amavam as escolas, amavam o carnaval.  Hoje, se você não paga, ninguém aparece”, lamenta.

Mesmo assim, dentro do seu coração, o batuque nunca se silenciou. A saudade bate forte, mas junto dela permanece o orgulho de ter feito história. A primeira mulher a comandar uma escola de samba na sua terra. “O Carnaval era alegria, era união. Hoje ficou só a saudade,” encerra a carnavalesca.