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Famílias atingidas por 64

O Diário - 14 de março de 2025

Famílias atingidas por 64

Aristóteles Drummond

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Tradição da civilização ocidental e judaico-cristã é a de reverenciar e lembrar os que morreram vítimas de atos que não devem de ser repetidos. 

Muito boa a lembrança que traz o filme “Ainda estou aqui”, que lembra o deputado Rubens Paiva, um homem cheio de ideais, supostamente comunista e que honestamente aparentava acreditar na via revolucionária, o que o levou a algum envolvimento com aqueles movimentos. Infelizmente acabou incluído na lista dos desaparecidos naqueles anos de combate, com tantas mortes.

As esquerdas não param de recordar seus mortos, geralmente militantes, enquanto os do centro democrático e das direitas não lembram os seus que tombaram, inocentes na maioria dos casos, sem militância política.

O primeiro ato de terror foi no Recife, em julho de 66, em atentado à bomba no aeroporto que visava o General Costa e Silva. Na ocasião, entre os mortos, estavam o Almirante Nelson Fernandes e o jornalista Edson Régis. Entre os casos de vítimas da ação revolucionária, chocou, sobretudo os oficiais sediados no Rio, a execução do Major José Julio Toja Martinez, cruelmente fuzilado por uma guerrilheira, e dos agentes federais que acompanhavam o embaixador alemão quando do sequestro de que foi vítima. Foram muitas as famílias marcadas por aqueles anos, e parte dos militantes acabou por reconhecer o equívoco.

O notável e admirável Fernando Gabeira – que estava entre os sequestradores do embaixador Charles Elbrick, dos EUA –, grande parlamentar e jornalista, com coragem moral e impecável honestidade intelectual, declarou que o grupo que atuava pela via armada era comprometido com a ditadura do proletariado vigente na URSS e não com a democracia clássica, que a oposição política ao regime queria restabelecer.

A lembrança da Intentona Comunista de 1935, que matou oficiais no Rio, Recife e Natal, chocando e marcando nossos militares, sempre mereceu um ato para reverenciar os mortos na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Agora não é mais lembrada a noite infame de 27 de novembro, e se questiona a veracidade do covarde assassinato de oficiais que dormiam. E os arquivos do Exército são claros em registrar o que se passou na Urca e no Campo dos Afonsos, onde um dos heróis foi o grande brasileiro e brigadeiro Eduardo Gomes.

O historiador Hélio Silva tem livro que detalha aquele movimento e a coleção dos jornais estão disponíveis, além de pronunciamentos do então presidente Getúlio   Vargas.

Defender a democracia é também lembrar dos momentos em que estivemos sob risco de ingressar no sombrio mundo do comunismo, que ainda pune o querido povo cubano, sem pão e sem liberdade. 

Deve-se respeitar os brasileiros que dedicaram seu apoio e reconhecimento aos anos de regime autoritário, referendado pelo Congresso, em que se teve liberdade para trabalhar e empreender, com ordem e que fez o Brasil em 20 anos sair da 46ª economia mundial para a oitava. 

Partidários, críticos e opositores de 64 são todos brasileiros e não se deve alimentar divisões, despertar ressentimentos e falsear a verdade histórica.