Por dois dias, Barretos foi palco do primeiro Simpósio Internacional sobre Transplante de Fígado, reunindo especialistas do Hospital de Amor e uma comitiva de nove profissionais da Mayo Clinic, da Flórida (EUA). O evento foi realizado no Ircad e teve como foco o aprimoramento das práticas na área de transplante hepático.
Desde 2023, o Hospital de Amor está credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) junto ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A diretora do hospital, a médica Cristina Prata Amendola, destacou que a equipe já possui expertise na área, mas busca constante aprimoramento. “A Mayo Clinic é o maior centro de transplantes sólidos do mundo, com grande volume e experiência. Recebemos nove médicos e um enfermeiro para conhecer nosso serviço e participar desse simpósio acadêmico, promovendo a troca de conhecimento”, afirmou.
O chefe da equipe e responsável técnico pelo programa de transplante do Hospital de Amor, Dr. Ênio David Mente, ressaltou que um programa de transplante hepático exige grande envolvimento multidisciplinar. “O serviço de transplante tem uma característica de alavancar a instituição, porque demanda uma expertise, não só no procedimento, mas de todos os departamentos envolvidos. A maioria dos pacientes que precisa do procedimento está em estágio terminal de cirrose. Isso exige uma equipe completa, incluindo hepatologistas, cirurgiões, enfermeiros especializados e suporte pós-operatório, o que demanda uma estrutura muito bem preparada”, explicou.
O médico Juan Canabal, da Mayo Clinic, elogiou a estrutura do Hospital de Amor. “Estou muito impressionado com as instalações. Ter um ambiente adequado é essencial para desenvolver um programa de transplantes efetivo”, afirmou. Ele também destacou que a principal dificuldade para transplantes em diversos países é a disponibilidade de órgãos, devido a fatores culturais e religiosos. “Nos Estados Unidos, a doação é amplamente promovida. Chamamos isso de ‘gift of life’, o dom da vida”, completou.
LISTA
Atualmente, o Hospital de Amor tem 15 pacientes listados para transplante e espera realizar cerca de 20 procedimentos até o final do ano. Até o início de março, três transplantes hepático foram realizados no hospital. O primeiro deles foi de um tratorista de 52 anos da cidade de Altair-SP que aguardava há cerca de um ano pelo procedimento. A distribuição de órgãos no Brasil é feita por centrais regionais, com duas unidades no estado de São Paulo, localizadas na capital e em Ribeirão Preto. Pacientes inscritos em Barretos são transplantados na unidade local, respeitando a ordem e os critérios da lista única.