Adaptar-se ou perecer
O Diário - 16 de março de 2025

José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo
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O ano de 2024 foi o mais quente da História. Será que 2025 será diferente? O aquecimento global existe, é provocado por nós, que insistimos na utilização dos combustíveis fósseis, emissores dos gases do efeito-estufa. Como a ciência se cansou de alertar e não prestamos atenção, agora resta correr atrás do prejuízo. E o prejuízo é grande. Principalmente para a saúde. As ondas de calor são mais letais do que as ondas de frio. As altas temperaturas matam de forma silenciosa, mas eficazmente.
Dez cidades brasileiras registraram recordes de calor, com temperatura superior a 43 graus. Goiânia e Cuiabá superaram essa marca. Por isso, criou-se um Gabinete de Crise Climática. A cidade de São Paulo, graças à antevisão do Prefeito Ricardo Nunes, já dispõe de uma Secretaria Executiva de Mudanças Climáticas. Mas todas as cidades precisam pensar nisso. As emergências chegaram e não vão mais embora. Ao contrário, vão se intensificar e ser mais frequentes.
A capital paulista instituiu o PPCV – Plano de Prevenção de Chuvas de Verão, mas esse Grupo de Trabalho continuará a trabalhar, porque o caos climático não permite afrouxar a vigilância. Já funcionou, em verões passados, o sistema de tendas de refrigério, nas quais as pessoas podiam tomar água, saborear frutas e medir sua pressão. Esse projeto vai ser aprimorado para a criação de pontos de resfriamento em escolas públicas e centros de hidratação em outros equipamentos.
Todas as cidades deveriam multiplicar os seus instrumentos aquáticos: fontes, repuxos, espelhos d’água. As comunidades mais adiantadas do planeta produziram enormes avanços nessa questão. Paris é uma capital em que a dispersão aquática em praças é intermitente e ajuda pessoas e fauna a se refrescarem.
Melhor seria que devolvêssemos às cidades os riachos, córregos e demais cursos d’água que fomos fazendo desaparecer, para produzir um espaço que favorece mais o automóvel, com o fatídico trânsito, em lugar de atender aos humanos e aos demais viventes. Mas o aumento do calor, com certeza, fará com que o juízo retorne à cabeça dos racionais. É adaptar-se ou perecer.