Por Pe. Pedro Lopes, Vigário paroquial São Miguel Arcanjo, Miguelópolis-SP

Uma das passagens do Evangelho de João nos apresenta um momento tenso da missão de Jesus: "Os judeus pegaram pedras para apedrejá-lo" (Jo 10,31). Eles não aceitavam sua identidade divina e queriam condená-lo. Mas essa atitude não ficou no passado. Ainda hoje, continuamos condenando Jesus por meio de nossas ações e escolhas diárias.

Condenamos Jesus quando mentimos, quando somos indiferentes ao sofrimento alheio, quando nos fechamos em nosso egoísmo e orgulho. Cada vez que negamos a verdade, que nos entregamos à hipocrisia ou quando tratamos a fé como algo secundário em nossa vida, estamos fazendo como aqueles que quiseram apedrejá-lo. Jesus continua sendo rejeitado quando vivemos como se Ele fosse apenas um acessório da nossa rotina, e não o centro da nossa existência.

A idolatria moderna também é um modo de condená-lo: muitas vezes colocamos o dinheiro, o status, o prazer e o poder acima de Deus. Quando priorizamos bens materiais e prazeres passageiros, negamos a soberania de Cristo e o condenamos ao esquecimento.

A grande proposta do Evangelho é a fé em Jesus. Ele mesmo diz: "Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas obras" (Jo 10,37-38). O próprio Cristo nos dá sinais concretos de sua divindade e nos convida a reconhecê-lo não apenas com palavras, mas com uma vida transformada. Crer em Jesus é mais do que dizer "Senhor, Senhor"; é viver de acordo com seus ensinamentos. É ter um coração sincero e voltado para o amor, a verdade e a justiça. Quando seguimos seus passos, nos afastamos do pecado e nos tornamos verdadeiros discípulos. Somente a fé autêntica nos conduz à salvação e nos dá forças para resistir às tentações que nos afastam de Deus.

Que reconheçamos onde ainda condenamos Jesus em nosso dia a dia. Que possamos abrir nosso coração para Ele, deixando de lado tudo o que nos impede de viver plenamente sua mensagem. Assim, ao invés de rejeitá-lo, iremos acolhê-lo como nosso Salvador e Senhor, crendo cada vez mais para que, pela fé, sejamos salvos. É uma proposta um tanto quanto desafiadora, que nos interpela a buscar um estilo de vida diferente, mesmo que já tenhamos tantos anos de caminhada! É sempre tempo de recomeçar, de melhorar, de crescer em Deus. O desafio não é fácil, mas com certeza nos garantirá o céu!