Uma presença distante
Diocese de Barretos - 26 de abril de 2025

Uma presença distante
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Por Seminarista Matheus Flávio, 4º ano da configuração (Teologia)
Atualmente, um grande número de pessoas tem deixado suas casas, cidades, países e até continentes fugindo da triste realidade que vivem. Realidade marcada por crises políticas, sociais e econômicas, conflitos, guerras civis e as devastadoras consequências. Essas pessoas deixam para trás familiares e amigos e seguem para lugares onde não conhecem praticamente ninguém. Podemos imaginar como tudo isso é difícil e doloroso e quanta saudade deve existir por não ser possível estar na presença daquelas pessoas amadas e queridas. Olhando para a nossa realidade, podemos nos questionar, como estamos tratando e valorizando a oportunidade de estar com aqueles próximos a nós? Se nesse momento precisássemos, hipoteticamente, nos refugiar, será que teríamos alegria ao sentir saudade do que estaríamos deixando para trás? Com o advento das tecnologias de comunicação instantânea, ganhamos facilidade e agilidade para nos comunicarmos a qualquer momento e em praticamente todos os lugares utilizando mensagens escritas e de áudio, vídeos, imagens. Mas percebemos que a interação intensa com as redes sociais e o ambiente virtual tem desfavorecido as conversas pessoalmente, o contato físico, o olho no olho, a alegria de encontrar-se com alguém ou mesmo a satisfação de sentar-se ao redor da mesa para uma refeição. Também temos nossos momentos de oração afetados e assim a nossa relação com Deus. Dessa maneira, estamos no meio das pessoas, mas não marcamos presença. Hoje, quantas crianças e quantos jovens não deixam o smartphone meia hora para escutar alguma história e conversar com os avós, ou mesmo alguns pais que perdem momentos de diálogo com os filhos, ou ainda numa casa, cada um em seu quarto ou mesmo na sala um do lado do outro, todos concentrados em seus smartphones, tablets e computadores. Tudo isso, na maioria das vezes não é percebido e nem tem relevância, mas provavelmente fará falta mais adiante. Como é maravilhoso conversar com as outras pessoas, escutar experiências e fatos, saber como o outro está, se precisa de algo. Como é importante, as vezes, ser o ouvido para um desabafo ou também ter alguém para falarmos daquilo que está pesando muito, enfim como é bom viver na proximidade de quem faz parte das nossas vidas. É preciso estarmos atentos àquilo que está nos colocando distantes, nos distraindo demasiadamente, de viver momentos na presença das pessoas próximas e de Deus. Valorizemos os momentos em que estamos com nossos irmãos e nossas irmãs, pois como nos lembra o Papa Francisco, “Jesus nos pede para realizar uma única obra de arte, possível a todos: a da nossa vida”.