Domingo de Páscoa é tempo de reunir a família, conversar em volta de uma boa mesa e reviver as memórias. É impressionante como a história da cidade é assunto cativo a todos, àqueles que tem lembranças a compartilhar e aos que tem curiosidade em ouvir. Entre a minha família, a assunto do último domingo foi a avenida 7, a avenida Engenheiro Necker Carvalho de Camargos. Afinal, por ali, mais uma obra se perdura. Sem entrar na questão da feitura unilateral do projeto de reurbanização daquela área, o sentimento de todos é a torcida para que a obra se torne funcional e adequada. Particularmente, eu sinto muito pela retirada das frondosas árvores que imperavam na avenida, bem como torço para que a obra contemple a retirada da fiação dos postes passando-a como subterrânea (isso sim seria uma grande mudança!). 

Minha mãe, que morou naquela região desde que nasceu, recorda-se de quando a avenida ainda era única (sem duas vias) e seguia rumo à estrada do aeroporto, entrecortando-se à rodovia Brigadeiro Faria Lima. Contando-nos mais detalhes, recordou-se que na avenida, bem próximo à rodovia, havia o posto de gasolina Fernão Dias. Ao pesquisar no jornal O Diário verifiquei que foi em 6 de novembro de 1979, na gestão do prefeito Melek Zaiden Geraige, que foi inaugurada a “via Washington Luís” – na mesma ocasião da inauguração do aeroporto e do CSU (Centro Social Urbano), contando com a presença do governador Paulo Maluf. Esta via era justamente a avenida 7, que então foi urbanizada. Décadas depois, receberia como patrono o engenheiro Necker Carvalho de Camargos e novamente seria reformada e amplificada. Sobre isso, minha mãe se lembrou do tempo em que foi iniciada a construção da ponte, na interseção com a rodovia, onde uma enorme cratera de terra foi aberta e um bom tempo se passou para a conclusão da obra.

Esse contexto é recente, anterior a isso aquela região era uma área próxima ao brejo Pimpão (hoje região dos lagos) e do corredor boiadeiro (hoje avenida Prof. Roberto Frade Monte), com algumas casas que brotavam ao ermo. Sua urbanização ocorreu conforme os bairros daquele entorno nasceram (como América, Rios e Exposição) e os comércios se estabeleceram. Por fim, diante tanta história, ficou a certeza de que a avenida 7 caminhou conforme as mudanças das épocas e o que restam são as lembranças e o desejo de que agora seja entregue à cidade uma obra condizente com a realidade, necessidade e perfil da Barretos de hoje. O tempo é agora. 

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani