Por Pe. Pedro Lopes, Vigário paroquial São Miguel Arcanjo, Miguelópolis-SP

Na última parte do Capítulo 13 do Evangelho de Mateus, Jesus finalmente revela a natureza do Reino de Deus através de duas parábolas: o tesouro escondido e a pérola de grande valor. Estas narrativas não apenas definem o Reino, mas também ilustram a atitude necessária para encontrá-lo e abraçá-lo.

A primeira parábola nos apresenta um homem que encontra um tesouro escondido em um campo. A narrativa não especifica se ele estava ativamente procurando por ele, mas sua reação ao encontrá-lo revela a magnitude da descoberta: "cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra o campo inteiro". A alegria transbordante e a disposição de abrir mão de tudo o que possui demonstram o valor inestimável do tesouro. O que fica para trás perde a importância diante da grandiosidade do que foi encontrado. Essa imagem nos convida a refletir: será que realmente compreendemos que Jesus e seus mandamentos são esse tesouro? Será que estamos dispostos a entregar tudo por Ele?

A segunda parábola complementa a primeira, apresentando um comerciante que busca pérolas preciosas. Em sua busca, ele encontra uma pérola de valor incalculável. A reação é a mesma: ele vende tudo o que tem para adquirir essa única pérola. Essa parábola nos ensina que, mesmo que busquemos algo grandioso, o Reino de Deus supera qualquer expectativa. Ele é a pérola de valor supremo, incomparável a qualquer outra coisa que possamos almejar.

Um ponto crucial que une as duas parábolas é a ênfase na alegria. Ambos os homens, ao encontrarem o tesouro e a pérola, experimentam uma alegria profunda e transformadora. Essa alegria não é passageira ou superficial, mas sim uma consequência da descoberta do Reino, que podemos associar à presença de Jesus em nossas vidas. Encontrar o Reino é encontrar a verdadeira alegria, uma alegria que transcende as circunstâncias e preenche o vazio existencial.

Essa alegria nos remete à a uma outra passagem, dessa vez de São Paulo aos Romanos (8,28) que nos assegura que "tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus", ou seja, daqueles que amam a lei e a Palavra de Jesus. Essa afirmação reforça a ideia de que a busca pelo Reino não é um fardo, mas sim um caminho de plenitude e realização. Ao priorizarmos Deus e seus ensinamentos, abrimos espaço para que o bem floresça em nossas vidas.

As parábolas do tesouro escondido e da pérola preciosa nos oferecem uma profunda reflexão sobre a natureza do Reino de Deus. Ele não é algo distante ou inatingível, mas sim um tesouro e uma pérola que podem ser encontrados por aqueles que o buscam com um coração sincero e disposto a renunciar ao que for necessário. A alegria que acompanha essa descoberta é a prova da autenticidade da busca e da imensa graça de encontrar a Jesus.