A dádiva da amizade
Diocese de Barretos - 1 de fevereiro de 2025
A dádiva da amizade
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Por Seminarista Matheus Flávio, 4º de Teologia.
Em um mundo no qual as pessoas encontram-se muitas vezes fechadas em si mesmas e pouco interessadas ou preocupadas com o que está ou com quem está por perto, torna-se cada vez mais difícil se estabelecer relações de companheirismo, fraternidade e confiança.
Nas redes sociais existem pessoas que tem milhares de “amigos” ou milhões de seguidores, mas de fato, quantos se podem considerar verdadeiramente amigos? Possivelmente esse número não ultrapassará os dedos de uma mão, mas o número não interessa muito, importa saber quem são esses amigos, conhece-los, reconhece-los e valorizar os verdadeiros amigos.
Mas, para que as amizades comecem, além da simpatia, é necessário sair de si, ou seja, deixar o egoísmo de lado e reconhecer que é preciso o outro na vida, que existe a necessidade de compartilhar, confraternizar, encontrar. Como está escrito em um texto bíblico: “Com efeito, se chegarem a cair, um levanta o outro. Porém, ai de quem está só: não tem ninguém que o levante” (Eclesiates 4, 10).
O relacionamento saudável entre as pessoas permite crescimento mútuo, mas também exige atitudes coerentes. Para a construção de uma amizade sólida é preciso: tempo, para que as coisas aconteçam; confiança, para os momentos de confidencialidade; paciência, para os momentos de dificuldade ou estresse; solicitude ou prontidão, para os problemas; respeito, para os pensamentos divergentes; amor fraterno, carinho, generosidade, alegria, para todo momento. Pode parecer muita coisa, mas basta olhar para as amizades autênticas, que facilmente encontra-se tudo isso.
A amizade também não pode sufocar, ou seja, tem que permitir a liberdade e a individualidade, um não tem que controlar o outro e atrapalhar assim o relacionamento com outras pessoas. Numa amizade saudável, assim como em outras relações, é fundamental deixar de lado o pensamento extremamente materialista do mundo contemporâneo, que encara o outro como propriedade, devido ao forte sentimento de posse e controle.
Nas Sagradas Escrituras encontram-se alguns versículos que destacam a importância da amizade: “Um amigo fiel é uma proteção poderosa, quem o encontra, encontra um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel: é um bem que não tem preço. Um amigo fiel é bálsamo de vida, os que temem o Senhor o encontrarão” (Eclesiático 6, 14-16).
Exatamente nesse sentido, o Papa Francisco nos lembra que “a amizade é um presente da vida e um dom de Deus. Através dos amigos, o Senhor purifica-nos e faz-nos amadurecer. Ao mesmo tempo, os amigos fiéis, que permanecem ao nosso lado nos momentos difíceis, são um reflexo do carinho do Senhor, da sua consolação e da sua amorosa presença. Ter amigos ensina-nos a abrir-nos, a compreender, a cuidar dos outros, a sair da nossa comodidade e isolamento, a partilhar a vida.” Agradeçamos ao Senhor pela dádiva das amizades que Ele nos concede e peçamos sabedoria para podermos valorizar e cativar os verdadeiros amigos.