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A era da inteligência artificial e a atemporal inteligência cristã

Diocese de Barretos - 30 de janeiro de 2025

A era da inteligência artificial e a atemporal inteligência cristã

A era da inteligência artificial e a atemporal inteligência cristã

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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

Para alguns estudiosos, estamos entrando na era da Inteligência Artificial, que marcará decisivamente uma nova geração: a “geração Beta” ou, simplesmente, a “geração IA”. Por três décadas, o poder da conectividade gestado pela internet tornou-se a base essencial das relações sociais, atingindo também os espaços profissionais e comerciais. A nova geração IA está crescendo em um ambiente onde a inteligência artificial é onipresente, e isso tem transformado suas vidas, a maneira de compreender o mundo e, sobretudo, o modo de se relacionar com ele.

Mas, afinal, será que a era da tecnologia, potencializada pelos recursos da internet e pela recente IA, é de fato o único avanço significativo já alcançado no campo da inteligência? Não existiria, antes da IA, outra forma de inteligência avançada registrada pela história? Há quase duas décadas, falava-se muito sobre a “Inteligência Emocional”, destacando o poder da mente, a necessidade de uma educação para as emoções e o uso de recursos psicológicos para lidar consigo mesmo e com as relações.

Entretanto, do Oriente ao Ocidente, existe uma forma milenar de inteligência exercida por aqueles que professam a fé eclesial: a “Inteligência Cristã”. Com a encarnação, paixão, morte e ressurreição do Filho de Deus, a humanidade experimentou um tipo de inteligência que ultrapassa em tudo as modernas e avançadas tecnologias. Em Jesus Cristo, passado, presente e futuro se unem em sua Pessoa e se realizam em suas ações. Nele, o tempo se torna “econômico” – a economia da salvação –, e o que ele realizou em sua encarnação de forma cronológica (Khronos) transforma-se, misteriosamente, em um “eterno hoje da salvação” (Kairós) para os fiéis de todos os tempos. Ela atualizante, isto é, torna o mistério da salvação presente e atual.

E, em uma época em que ainda não existiam meios de comunicação avançados, mas apenas a transmissão de viva voz ou por meio de pergaminhos, Jesus nos deixou uma forma de “Inteligência Sacramental”: os sacramentos, sinais eficazes de sua graça santificadora. Virtuosos e reais, os sacramentos comunicam eficazmente tudo o que Jesus Cristo fez pela nossa salvação. Com poderosos sinais e com a infalível conexão da fé, assegurados pela poderosa e virtuosa presença de Jesus Cristo, os sacramentos transmitem a vida eterna, colocam o homem em contato com Deus, aperfeiçoam-no e o levam à plenitude de sua realização. A Inteligência Sacramental tem o poder de eternizar o homem, dando a ele o dom da imortalidade e santificando-o dignamente como filho de Deus. Em uma única frase, a Inteligência Cristã diviniza o homem, restaurando sua imagem original, destruída pelo pecado.