Barretos conhece bem o aroma da solidariedade. Ele vem das cozinhas onde Maria Tereza de Moraes Silva, ou simplesmente dona Tereza, passa. Uma mulher de 64 anos cuja trajetória mistura trabalho árduo, resiliência e um coração que transborda generosidade.  Mãe e esposa, Dona Tereza sempre foi uma mulher de fibra.

Começou sua jornada profissional ainda jovem, passando por diversas funções na indústria alimentícia. Trabalhou no frigorífico Anglo por 32 anos, foi da triparia à desossa e se tornou uma líder respeitada, conhecida por sua postura firme e disciplinada. “Lá eu era uma pessoa dura. Era necessário para as funções”, relembra com um sorriso modesto.

Mas se no trabalho a rigidez era necessária, na vida pessoal, o coração sempre falou mais alto. Quando abriu um restaurante no então Hospital de Câncer, hoje Hospital do Amor, percebeu que o lucro nunca seria prioridade. “Se a pessoa tinha dinheiro, comia. Se não tinha, eu dava. Não conseguia dizer não”, relembra com saudosismo.

VOLUNTARIADO

O negócio não prosseguiu, mas deixou um aprendizado: sua missão ia muito além das contas a pagar.  Foi assim que Tereza se encontrou no voluntariado. Do futebol varzeano onde comandou uma escolinha para mais de 100 crianças até as cozinhas das comunidades religiosas sua presença é indispensável. Em quase todos eventos que tem culinária, lá está ela com seus utensílios de cozinha que guarda numa despensa de casa.

“Tenho uma equipe que me ajuda muito. Na comunidade de São Luís Gonzaga, na Santa Terezinha, na Cidade de Maria, no Armour e muitas outras. Todos juntos, porque ninguém faz nada sozinho”, diz com humildade. 

Na véspera desta reportagem, ela organizou um jantar italiano para arrecadar fundos para a igreja de São Luís Gonzaga.  Como de costume, acordou cedo, assou rosca, fez bolo e preparou canjica para receber a equipe de O Diário com carinho. “Eu coloco muito amor. Faço tudo com dedicação, limpinho, perfeito. Coloco Deus na frente e vou”, conta.

TRAJETÓRIA

A trajetória de Tereza passa também pelo setor público. Trabalhou na Câmara e na prefeitura em secretarias como a de cultura, educação e administração, em diferentes administrações, como as dos prefeitos Emanoel Carvalho, Guilherme Ávila e Paula Lemos, sempre presente e prestativa. “Tenho todos eles em meu celular. São meus filhos queridos. Não posso citar nomes porque posso esquecer de alguém. Mas amo cada um”, justificou. 

Hoje, aos 64 anos, Tereza olha para trás e vê um caminho de desafios, conquistas e gratidão. “Nunca desisti. Fui atrás, sempre com Deus e Nossa Senhora.”

Por trás de toda essa dedicação, há uma mulher que nunca desistiu. Uma mulher forte, firme e negra, que enfrentou os desafios da vida e as oscilações com fé, sempre com Deus à frente. Na prefeitura, na câmara, no trabalho voluntário, em cada sorriso de gratidão, ela encontrou o seu maior prêmio: o amor daqueles que conviveu. E, com orgulho, ela finaliza: “Eu nunca desisti, fui atrás, sempre com Deus a frente e venci”.

O trabalho desempenhado na cidade, fez com que dona Tereza, natural de Colina, recebesse em 2016, o título de Cidadã Honorária de Barretos.