A novidade de Deus se realiza em Maria
Diocese de Barretos - 22 de dezembro de 2024
A novidade de Deus se realiza em Maria
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(Por: Christian Dino Batsi, ssp)
O 4º domingo do Advento costumeiramente evoca a figura de Maria. Assim como o Batista (em geral, no 2º e 3º domingos) anuncia a vinda de Jesus, Maria espera seu nascimento. O episódio conhecido como "visitação de Nossa Senhora" segue-se imediatamente ao da anunciação, no qual o anjo Gabriel dá a Maria um sinal de que "nada é impossível para Deus": a gravidez de sua parente idosa - considerada estéril -, já no sexto mês (Lc 1,66-67; Gn 18,14).
De fato, nada é impossível para Deus! Da mesma forma que o Senhor permitiu a Sara, uma mulher estéril e já em idade avançada, tornar-se mãe de Isaac (Gn 18,9-15), assim pode suscitar um profeta como João, que virá preparar o povo para acolher a nova e definitiva iniciativa de Deus para a salvação de todos (Lc 1,16-17).
Portanto, Maria, que gera em seu ventre o Filho do Altíssimo, representa o germe de um povo novo. Isso se percebe quando ela saúda Isabel, e João "salta de alegria". Na língua original, o verbo evoca o salto de um animal jovem, como o fruto de uma felicidade intensa (Lc 6,23). Por meio desse menino, o último dos profetas de Israel, agem todos os profetas da Primeira Aliança, que manifestam sua alegria na voz da mulher que carrega dentro de si aquele que, como precursor, cumprirá as Escrituras.
Quanto ao povo desta Aliança, o Espírito Santo não o abandona: permite-lhe discernir que a novidade de Deus se realiza em Maria. As palavras pronunciadas por Isabel são uma bênção; reconhecem que a graça divina realiza nela a obra da vida. No final, ainda movida pelo Espírito, Isabel proclama Maria "bem-aventurada", em virtude da fé que demonstrou.
Aqui, duas leituras são possíveis. A primeira faz do cumprimento das palavras do Senhor a Maria - as do anjo na anunciação - objeto da fé: "Bem-aventurada aquela que acreditou nas palavras que foram ditas da parte do Senhor". A segunda interpretação é muito mais forte: de acordo com ela, é a fé professada por Maria que permite se cumprirem as palavras e promessas proferidas pelo Senhor sobre seu Filho.
Nesse caso, a salvação anunciada é não apenas obra de Deus, mas também o resultado da colaboração entre ele e Maria. E, na medida em que Maria representa o povo da Nova Aliança em formação, a vinda do Messias ao mundo será fruto da cooperação entre o Senhor e os discípulos que nele depositaram sua fé - em meio ao quais nós nos incluímos.