A região em que moramos pode influenciar no tipo de câncer?
O Diário - 28 de novembro de 2024
Lorena Molina Sequeira Dias – estudante do 2º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pelo prof. Eduardo Marcelo Cândido
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A transição epidemiológica no Brasil representa uma mudança no padrão de saúde, onde doenças crônicas como o câncer assumem um papel mais notório em relação às doenças infecciosas. Esse fenômeno ocorre à medida que o país passa por um aumento na expectativa de vida e por melhorias nas condições de vida e saúde pública, levando à diminuição das doenças transmissíveis e ao aumento das doenças crônicas não transmissíveis. Assim, hábitos alimentares, condições ambientais, características hereditárias, fatores econômicos e o estilo de vida em diferentes estados influenciam as variações dos tipos de câncer mais prevalentes, tornando-os mais comuns em determinadas regiões. Um exemplo dessa transição epidemiológica consiste no estado do Rio Grande do Sul, que possuí uma incidência relativamente elevada de câncer de cabeça e pescoço atribuída a uma combinação de fatores históricos e comportamentais. Entre os hábitos culturais do estado gaúcho, destaca-se o consumo de chimarrão, ingerido frequentemente em temperaturas muito altas, o que pode lesionar gradativamente o assoalho bucal e a mucosa da garganta, tornando esse ato de consumo um risco ao desenvolvimento de câncer nestes locais no longo prazo. Outro exemplo é o do câncer de pele, mais prevalente também na região sul do Brasil, com uma taxa de incidência de cerca de 150 casos por cada 100 mil habitantes, o que pode ser correlacionado à descendência europeia (alemães, italianos) de pele branca e mais susceptível aos malefícios da exposição crônica à luz solar. Esses dados contrastam com os das regiões norte e nordeste, que possuem os mais baixos índices de câncer de pele do país, porém com uma população mais miscigenada em que uma boa parte descende de indígenas e afrodescendentes, cuja presença de mais melanina confere uma maior proteção aos raios ultravioleta do sol. Assim, evidencia-se como, em diferentes locais, múltiplos fatores regionais podem influenciar quais tipos de câncer serão mais comuns. A combinação de fatores culturais, ambientais e comportamentais regionais molda o perfil de saúde de cada estado, sendo essencial para a elaboração de políticas de saúde direcionadas.
Lorena Molina Sequeira Dias – estudante do 2º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pelo prof. Eduardo Marcelo Cândido