Bem-estar é definido com um estado completo de boas condições físicas, mentais e sociais, e não apenas com a ausência de doença. Ele está intimamente relacionado ao funcionamento do sistema endócrino, responsável pela produção e regulação dos hormônios. Esses desempenham um papel importante na manutenção do equilíbrio emocional, influenciando diretamente o humor, a aprendizagem e o comportamento. Nesse sentido, alterações físicas e emocionais podem interferir no pleno funcionamento do sistema endócrino e resultar em distúrbios mentais.

Um dos principais hormônios envolvidos na regulação do estresse é o cortisol, produzido pelas glândulas suprarrenais. Em situações de estresse prolongado, a liberação crônica de cortisol pode prejudicar funções cognitivas e emocionais, aumentando o risco de ansiedade, depressão e até problemas de memória. O excesso de cortisol, além de afetar a mente, também influencia o corpo, podendo causar alterações no metabolismo e no sistema imunológico, criando um ciclo de desgaste físico e mental. 

Os hormônios sexuais, como o estrogênio e a testosterona, também têm impacto significativo na saúde mental. Alterações nos níveis de estrogênio, durante o ciclo menstrual, a gravidez e a menopausa, estão ligadas a transtornos como depressão pós-parto, síndrome pré-menstrual e variações de humor relacionadas à menopausa. A testosterona, em desequilíbrio, pode alterar o humor, níveis de energia e até na autopercepção, afetando a qualidade de vida e a autoestima principalmente dos homens.

Ainda, os hormônios tireoidianos (T3 e T4) regulam o metabolismo e afetam diretamente a função cerebral. Distúrbios como o hipotireoidismo (deficiência de hormônios tireoidianos) podem levar a sintomas de depressão e fadiga, enquanto o hipertireoidismo (excesso de hormônios) está associado à ansiedade e insônia. O tratamento adequado de desequilíbrios tireoidianos pode melhorar significativamente o bem-estar mental. 

Portanto, compreender a relação entre o sistema endócrino e a saúde mental pode ser fundamental para uma melhor qualidade de vida. Muitos problemas emocionais têm base hormonal, e o autocuidado - incluindo uma alimentação balanceada, exercícios e gerenciamento do estresse - pode melhorar esse equilíbrio. Promover o autocuidado e buscar apoio especializado são passos essenciais para um bem-estar emocional duradouro, fortalecendo a conexão entre mente e corpo.

Ana Carolina Teixeira – estudante do 4º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pela profª Larissa Donadel Barreto Sargentini