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A vigília pascal

Diocese de Barretos - 19 de abril de 2025

A vigília pascal

A vigília pascal

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Por Seminarista Matheus Flávio, 4º ano da configuração (Teologia)

Uma antiga homilia no Sábado Santo nos questiona: “O que está acontecendo hoje?”. A resposta é que “um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos”.

Exatamente no fim desse dia de silêncio, na noite de hoje, a Igreja se reúne para celebrar a Vigília Pascal, momento que está no coração do ano litúrgico. A Igreja faz questão de destacar essa celebração com uma liturgia rica em símbolos, sinais e palavras, para que ao final possamos ser testemunhas da alegria da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Num breve percurso pela celebração podemos perceber alguns elementos para melhor viver esse momento.

No início ocorre a bênção do fogo com o qual será aceso o Círio Pascal e na oração pedimos que a festa da Páscoa “acenda em nós tal desejo do céu, para que possamos chegar purificados à festa da luz eterna”. Iluminados pela luz de Cristo, temos a Proclamação da Páscoa, um hino, que recordando a história da salvação, nos conduz ao mistério Pascal de Cristo. Nessa proclamação podemos perceber a importância do mistério que celebramos nessa noite “em que a coluna luminosa as trevas do pecado dissipou” e “em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor”.

            Na sequência, ouvimos a liturgia da Palavra, que está estruturada de uma maneira diferente, com mais leituras, salmos e orações. As leituras fazem um percurso pelo Antigo Testamento, da criação aos profetas. Por esses textos podemos entender que “a Páscoa é a festa da nova criação”, pois “abriu-se uma nova dimensão para o homem. A criação tornou-se maior e mais vasta. A Páscoa é o dia duma nova criação, mas por isso mesmo, neste dia, a Igreja começa a liturgia apresentando-nos a criação antiga, para aprendermos a compreender bem a nova”, como afirma o Papa Bento XVI.

            A compreensão dessa nova criação deve nos conduzir para a escolha do bem e a rejeição do mal, a opção pela luz ao invés das trevas, a busca das virtudes e a fuga do pecado, sim ao amor e não ao ódio. Dessa maneira, apoiados na graça que brota do mistério pascal, somos chamados a viver a alegria do Cristo Ressuscitado e a testemunhar essa alegria pelas nossas atitudes. Num tempo marcado por tantas realidades de trevas, escuridão e confusão, não olhemos apenas para as realidades externas, mas para a realidade do nosso coração. Peçamos ao Senhor a graça de sermos portadores da luz de Cristo, dessa força da ressurreição, que é a única capaz de transformar tudo isso.