Ainda estou aqui!
O Diário - 7 de março de 2025

Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq
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“Ainda Estou Aqui”, primeiro Filme Original Globoplay, venceu o Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional. A vitória é inédita para o Brasil, sendo a primeira estatueta para o país na categoria desde a edição inaugural da premiação, em 1929. O anúncio foi realizado na noite deste domingo, 02 de março de 2025, no Dolby Theatre, em Los Angeles, EUA.
O cineasta brasileiro recebeu a estatueta das mãos de Penélope Cruz e dedicou a vitória a Eunice Paiva: "Obrigado em primeiro lugar, em nome do cinema brasileiro. É uma honra receber esse prêmio em um grupo tão extraordinário de cineastas. Dedico esse prêmio a uma mulher que depois de uma perda, durante um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Esse prêmio é dedicado a ela, o nome dela é Eunice Paiva. E dedico esse prêmio às duas mulheres extraordinárias que derem vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro".
Este filme é, a meu ver, uma catarse estética e política. O primeiro Oscar conquistado pelo cinema brasileiro veio para um filme cuja estrela principal é uma mulher. Fernanda Torres/Eunice Paiva resgata a memória e a história dos “anos de chumbo” da ditadura militar (1964-1985) que deixou o país economicamente exaurido e socialmente entristecido com a tacanhice dos seus algozes. Mas a esperança, o sorriso e a dignidade estão atuantes graças à arte literária e cinematográfica. Em pleno carnaval, o Brasil encontra mais um motivo para celebrar sua cultura. Ainda estamos aqui, com um futuro sempre a (re) construir. Por hora, a festa continua e isto reitera as máximas: “(...) As pessoas entenderam que essa história primeiro não era sobre o nosso passado, ele era sobre o nosso presente. Um presente que se torna perigosamente próximo em outros lugares do mundo” (Walter Salles) e “Um povo que não conhece sua História está fadado a repetí-la (Edmund Burke).