Barretense passa por cirurgia cardíaca inédita e ganha nova chance de vida
Adelaide Lavanini - 24 de março de 2024
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Técnica minimamente invasiva utiliza “mitraclip” para corrigir o funcionamento da válvula mitral
O barretense Luiz Antônio Batista da Rocha passou por cirurgia cardíaca inédita e ganhou nova chance e qualidade de vida. O procedimento realizado em 16 de janeiro na Santa Casa foi conduzido pelo médico cardiologista e intervencionista Márcio Braite com apoio do médico carioca Cleverson Neves Zukowski. A cirurgia minimamente invasiva corrige o refluxo na válvula mitral responsável por controlar a passagem de sangue vindo do pulmão e distribuído para o restante do corpo.
Segundo o médico, o procedimento é indicado para pacientes com insuficiência mitral grave que sofrem com falta de ar, fraqueza, cansaço e inchaço (edemas) de abdômen e dos membros inferiores. Em alguns casos, existe a indicação para troca da válvula em cirurgia conhecida por “peito aberto”. “O paciente Luiz teria risco nessa intervenção, por isso optamos pelo tratamento inovador, um dos primeiros realizados no interior do Estado de São Paulo”, disse o médico. O procedimento não está disponível pelo SUS, mas há um esforço dos gestores da Santa Casa para implementar o benefício.
Técnica
O MitraClip é implantado no coração por meio de um cateter inserido na veia femoral para reparar a válvula mitral. “Acessamos a cavidade esquerda do coração e prendemos o clipe na válvula para diminuir o orifício que era muito grande”, comentou. “Dessa forma, controlamos o refluxo de sangue que estava voltando para o pulmão e o paciente volta a ter qualidade de vida”, acrescentou o dr. Braite. A cirurgia foi realizada em duas horas com inserção de dois clipes.
O paciente ficou 12 horas na UTI e, na manhã seguinte, estava de alta. O dr. Braite explicou que a triagem para o procedimento é feita pelos cardiologistas clínicos que acompanham evolução, sintomas e gravidade do problema. No caso de Luiz Antônio, a cardiologista Caroline Braite fez a indicação. O caso se agravou após dois infartos, colocação de 24 stents e perda da função cardíaca. “Ele teve várias internações na UTI para tomar medicamentos, tinha alta, mas logo voltava com os mesmos sintomas”, informou. O cardiologista declarou que Luiz Antônio continuará tomando os remédios, devido às sequelas da insuficiência cardíaca. “É uma grande satisfação tratar um paciente querido e a gente acaba virando amigo. Sempre esteve alegre e disposto ao tratamento e graças a Deus, foi um sucesso”, finalizou.
Vida nova
Luiz Antônio Batista da Rocha tem 76 anos e conviveu por muito tempo com os sintomas da insuficiência cardíaca. No primeiro infarto, a função cardíaca reduziu para 56% e, no segundo, para 28%. Tinha dificuldades para exercícios simples, dormia sentado devido à falta de ar e vida bem restritiva. “Depois do procedimento minha vida mudou muito, eu pesava 90 quilos e emagreci para 60, mas era muito inchado e perdi massa muscular”, contou.
A decisão de tentar um procedimento inovador foi difícil especialmente porque a família queria buscar centros médicos maiores. “Ainda não consigo voltar a jogar tênis, mas graças ao dr. Márcio e a dra. Caroline minha qualidade de vida é outra”, destacou. Hoje Luiz Antônio consegue andar sem cansaço, faz fisioterapia cardiopulmonar e pilates. “Consigo dormir, não tomo mais diurético e ganhei uma nova chance de viver mesmo com coração tendo 28% de funcionamento”, finalizou.