Brasil bate o record em gestação na adolescência
O Diário - 17 de dezembro de 2024
Dr. Hussein Gemha Taha é ginecologista e obstetra
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Estima-se que anualmente ocorram ao redor de 16 milhões de partos em meninas entre 15 e 19 anos e 1 milhão de parto entre meninas menores que 15 anos de idade. A gestação não planejada atinge um grande número de mulheres no Brasil e no mundo. O Brasil apresenta a maior taxa de meninas com menos de 15 anos com filhos, com números entre 60 e 83%, sendo que a média mundial é 40%.A gravidez na adolescência está relacionada a problemas físicos e psicossociais. Complicações na gestação e parto são a segunda maior causa de mortalidade entre meninas entre 15 e 19 anos. Além disso, a gravidez em adolescentes está associada a maior risco de parto prematuro, baixo peso ao nascimento. Mães adolescentes são mais vulneráveis a violência gerada pelo parceiro, tem menores índices de escolaridade (abandono dos estudos), menores oportunidades de educação e trabalho. E pior acabam engravidando novamente em um intervalo curto.
As mulheres tem direito a acesso aos métodos anticoncepcionais, e planejar se querem e quando querem engravidar.A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda os LARCs (métodos reversíveis de longa duração) que duram a partir de 3 anos, esses métodos são DIU de cobre, DIU hormonal (levonorgestrel Kyleena e Mirena) e implante contraceptivo de etonogestrel (Implanon). São métodos seguros e eficazes, com menores índices de gravidez indesejada. Porém há dificuldade de acesso a esses métodos, que aparentemente de alto custo, mas se pensarmos no custo-efetivo, comparados com gastos em internações hospitalares das adolescentes, internações em uti neonatal, sem contar os custos sociais. Dessa forma, LARCs deveriam ser de fácil acesso e ser amplamente disponíveis em serviços públicos de saúde, para planejamento familiar e no pós-parto. O SUS disponibiliza DIU cobre (ambulatório e pós parto nas maternidades), o DIU hormonal (Kyleena e Mirena) são estabelecidos alguns critérios: adolescentes, sangramento menstrual aumentado, anemia, cardiopatas, mulheres pós cirurgia bariátrica, peri-menopausa, endometriose, obesidade e epilepsia, homens transgênero. Já o implante, que é o método mais eficaz que temos (99,5% de eficácia) estão disponíveis para moradores de rua, adolescentes, usuárias de droga. É dever garantir que as mulheres tenham acesso aos métodos contraceptivos, com informação sobre saúde, educação e qualidade de vida. A medicina mudou não devemos ser tratadores de doença e sim tratadores de saúde.