Por Pe. Daniel Canevarollo, Vigário Paróquia São Benedito, Barretos.

Ao refletir e argumentar sobre o valor da vida e seu sentido desde de sua concepção, um assunto importante vem à tona: “o acolhimento humano”. Você que agora se detém a ler este texto, ao meditar sobre a trajetória de sua vida perceberá que suas raízes familiares desde a sua concepção inicial provindas de todas as fases gestacionais passaram pela experiência de acolhida, aceitação, cuidado e respeito. 

De acordo com as ciências bioéticas a “ontogênese humana”, ou seja, (o processo de desenvolvimento humano) “tem início no momento da fertilização”, no ato da união entre o óvulo e o espermatozoide em que se forma o “zigoto”, que é a primeira célula de um novo ser humano. É interessante notar que esta fase inicial é uma condição necessária para dar origem a todas as células do futuro bebê, ela não é opcional e não está isenta da formação humana, mas faz parte fundamental do processo mesmo que ainda não se trate de uma pessoa em si.

Neste sentido, a Igreja amparada por seu magistério enfatiza a importância de aceitar a vida em todos os estágios, pois todas as fases são necessárias para que a vida exista. No juramento de Hipócrates, que é considerado o pai da medicina ocidental, em que os médicos tradicionalmente professam em sua formatura, constata-se o compromisso da medicina em respeitar e valorizar a vida, mesmo sob ameaça em todas as suas fases.

Os caminhos da vida espiritual atestam que Deus é amor e vida, e se nós seres humanos “somos capazes de amar é por que ele nos amou e nos acolheu por primeiro” (1 Jo 4,7-21). Assim, a Igreja na instrução Dignitas Persona afirma que Deus inscreveu no homem a sua participação na formação da vida, da particular relação existente entre Deus e o homem. Portanto, acolhida, aceitação, cuidado e respeito são práticas coerentes de quem ama, e como sabe-se o amor é o fundamento base que dá sentido à vida. Uma vida de sentido é uma vida pautada pelo acolhimento e pela reciprocidade - “eu sou amado e acolhido e por isto, eu amo, acolho e respeito”. O contrário disto serão as diversas práticas desumanas que levam a sociedade padecer com a cultura da morte, do individualismo e demais posicionamentos egoístas que dão origem ao sofrimento humano.       

Sejamos capazes de viver e anunciar a defesa da vida desde o início da concepção e em todas as suas fases, “dizendo não ao interrompimento da vida humana desde a sua concepção.” Acolhamos o projeto de Deus, e a vivência do amor com os seus princípios de aceitação, cuidado e responsabilidade que dão sentido a existência humana. É preciso cuidar e se deixar ser cuidado. Toda vida vale a pena. Boa missão a todos nós!