Contemplação do tempo
Diocese de Barretos - 19 de fevereiro de 2025

Contemplação do tempo
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Por Pe. Flávio Aparecido Pereira, Vigário Paroquial Catedral Barretos
Diante de tantos afazeres, os quais devem ocorrer com uma rapidez quase imediata, requerendo de nós uma demanda de esforço físico, espiritual e até mesmo cronológico, sentimo-nos fatigados, e, por vezes, exauridos. Várias situações custam para nós um desgaste físico e emocional os quais fazem com que nós, ao chegarmos em casa depois de um longo dia de trabalho, queiramos apenas uma cama e uma televisão, ou mesmo o celular e ali, passamos horas e horas (quando possível) vendo séries, redes sociais, joguinhos on-line. Esse é o descanso que queremos e gostaríamos de ter, após as fadigas do dia.
O descanso é necessário para que possamos refazer nossas forças. Quando passamos a olhar o tempo, horas e horas se passaram, sem que nada de mais produtivo fosse feito, como por exemplo, revisar o dia, fazer um exame de consciência, evidenciar pontos altos e baixos vivenciado durante o dia. Em suma, gasta-se tempo “fazendo nada”. Diante disso, podemos nos questionar: onde ficou Deus no tempo que despendi enquanto estava no celular, nos streamings, jogos etc?
Por vezes, quando vamos para a cama a fim de dormir, ali pegamos nosso terço, fazendo um exame de consciência, agradecendo ao Senhor pelo dia e por todos os dons que Ele concedeu, bem como as bênçãos que evidenciamos; também nesse momento fazemos súplicas para que o dia seguinte seja melhor, que todos nossos familiares sejam abençoados, e tantas outras coisas mais.
Às vezes, no meio de nossa oração, o cansaço vem muito forte, as pálpebras pesam e ela (oração) se torna dificultosa, em especial para seu término acontecer. Em dado momento, somos vencidos pelo esgotamento do dia e deixamos a oração de lado, mas não nos permitimos ficar longe da graça divina: mesmo sem terminar a oração, ainda assim, nos movemos em direção de uma interiorização da nossa espiritualidade, rezando em silêncio e doando meu tempo a Deus.
Diante da contemplação do tempo, a qual se constitui como um modo de experimentar o presente, sempre atento ao momento, não se preocupando em demasia, com o passado ou o futuro. Ela se constitui em uma prática espiritual que permeia a observação e a reflexão sobre algum aspecto, tendo por objetivo a compreensão e apreciação.
Os Evangelhos nos mostram que Cristo sempre rezava; com isso, ensinava os seus e todos nós a também termos uma vida de oração contínua, profunda e eficaz. Quando fazemos a experiência de retirada e contemplação, em Deus, refazemos as nossas forças. Contemplar o tempo é estar em sintonia com Deus Pai; evidenciar que tudo provém Dele e que para Ele devemos render graças por tudo que nos fizera.