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Coragem de romper com a indiferença

Diocese de Barretos - 16 de fevereiro de 2025

Coragem de romper com a indiferença

Coragem de romper com a indiferença

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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

O discurso que Jesus faz aos discípulos e grande multidão dos que o seguiam, numa das belas planícies da Galiléia contém o núcleo da sua mensagem. Jesus em poucas palavras apresenta a mensagem capaz de revolucionar o mundo e realizar o sonho de Deus.

Jesus inicia seu discurso proclamando felizes aqueles que aos olhos do mundo são os infelizes por natureza: os pobres, os que passam fome, os que choram, os perseguidos por causa dele. Por que são felizes? Porque são amados por Deus, porque Deus não os perde de vista; porque embora aos olhos dos homens a sua sorte não importa, ela importa aos olhos de Deus.

Mas Jesus não se limita a dizer quem são os felizes, mas ele pronuncia os “ais” aos que se tornam indiferentes diante do sofrimento e da dor do mundo: “Ai de vós, ricos...; os que agora tendes fartura, ... os que agora riem, e aqueles que todos elogiam...”. Estes são os que Deus abomina, porque ignoram a sorte dos fracos, os que como o rico esbanjador da parábola ficam indiferente à sorte dos Lázaros que mendigam a sua porta, na espera de uma migalha de suas mesas.

Tentar espiritualizar a mensagem de Jesus é corrompê-la. Aqui Jesus não está se referindo a uma atitude interior, mas aos que de fato são pobres e ricos; os que nada tem e aqueles que possuindo bens se negam a socorrer os que precisam.

Na verdade Jesus está elencando aqueles que tinha de si quando proferiu esse discurso, pobres homens e mulheres que tinham vindo de toda a Judéia e de Jerusalém, do litoral de tiro e Sidônia. Gente humilhada, sofrida, desprezada, sobre quem pesavam pesados impostos e era impedida de frequentar o Templo, por causa das circunstâncias da sua vida que as tornavam impuras aos olhos do piedoso judeu.

As palavras de Jesus hoje continuam a ressoar aos nossos ouvidos dizendo-nos que os que ignoramos ou anulamos são os preferidos de Deus; por isso, se acolhemos a mensagem do Evangelho temos que ter a coragem de romper com a indiferença e nos esforçarmos por um mundo de irmãos, onde todos possam desfrutar de felicidade e vida em abundância.