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Criança barretense de 12 anos está na fila para transplante de rim há 1 ano

O Diário - 17 de janeiro de 2025

A ESPERA DE UM TRANSPLANTE

ESPERANÇA: Davi junto ao pai em sessão de hemodiálise diária no HC Criança em Ribeirão Preto

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Todos os dias, as 3hs da manhã, o estudante Davi Alves de Almeida, é despertado pelos pais Flávia e Sérgio Almeida, na chácara onde mora, imediações do Batalhão de Polícia, para mais uma rotina para sua sobrevivência.

Na ambulância da rede municipal de saúde, ele segue para Ribeirão Preto onde no HC-Criança  passa 4hs ligado a uma máquina de hemodiálise.

Portador de insuficiência renal crônica nos dois rins, sem diagnóstico, teve a doença confirmada após dois anos de exames, internações, repouso e passagem por UTIs em hospitais de Barretos, Franca e Ribeirão Preto. Na época ele iniciaria o 3º ano do ensino fundamental.

Na noite que a aeronave da Força Aérea Brasileira pousou em Barretos (14) transportando um coração para transplante, o menino acompanhado de seus pais, embarcava para São Paulo para mais uma consulta mensal no Hospital dos Rins, especializado em transplante desse órgão. Essa saga já passa de 12 meses.

Segundo Sérgio, as idas a Ribeirão Preto todos os dias é em virtude de Barretos não ter um nefropediatra   para seu acompanhamento que só vai terminar com o transplante. “É uma ansiedade total para que essa hora chegue. Bate no coração e deixa a gente às vezes perdido, meio atordoado”, desabafa o pai.

As consultas no H-Rim na capital também trabalha essa situação com a família. “Na consulta dessa semana em São Paulo, tiramos muitas dúvidas com a médica, sobre esse transplante, porque justamente dá uma ansiedade na gente, mas a expectativa é grande”, concluiu ele.

ROTINA

A rotina de Davi é praticamente hospitalar, levanta três horas da manhã, vai para Ribeirão Preto para fazer sua hemodiálise.  Volta para Barretos, por volta das 13h.  “Quando chega em casa bem, não passando mal, almoça (com restrições e sem muito líquido) e sempre que há possibilidade vai para a escola. Lá ele mesmo se medica, tem os horários certinhos, leva o seu aparelho de pressão, uma criança tendo uma rotina de adulto,” finaliza o pai.

Quando iniciou o tratamento, Davi estava no 5º ano na escola municipal João Ferreira Lopes. Este ano vai para o 8º ano da escola Estadual Benedito Pereira Cardoso. Em 24 de janeiro ele completará 13 anos. Ao contrário do aniversário do ano passado que foi comemorado dentro do hospital em Ribeirão, em 2025 ele quer apenas um presente.

A importância da prevenção e da doação dos órgãos

Para Edinho Silva, presidente da Associação Amor Aos Rins, a conscientização sobre a prevenção das doenças renais e a doação de órgãos são fundamentais. A associação, recém-fundada em Barretos, busca divulgar informações sobre como manter os rins saudáveis ​​e a importância da doação. “São possíveis campanhas informativas para sensibilizar a população e ampliar o banco de dados de doadores”, afirma Edinho.

Lista de espera por um transplante ultrapassa os 45 mil no Brasil

Segundo *dados atualizados do Sistema Nacional de Transplante, o Brasil tinha até 16 de janeiro, 45.255 pessoas a espera por um transplante. No estado de São Paulo eram 21.805 pessoas no aguardo. Homens 12.859 e mulheres 8.946. No ranking de órgãos a espera no estado, em primeiro está rim com 417, fígado 798, seguido de coração 253. A faixa etária que tem maior número de pessoas à espera de um órgão está entre 50 a 64 anos, para homens e mulheres.   A cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar órgãos no Brasil, apenas quatro efetuam a doação. De acordo com o Ministério da Saúde, um dos principais obstáculos é a recusa familiar.

*Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saes/snt