Darcy Ribeiro era… – Parte 1
O Diário - 12 de fevereiro de 2025
![Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq Darcy Ribeiro era… – Parte 1](https://s3.us-east-1.wasabisys.com/odiario/2025/02/Kleber-Aparecido-da-Silva-Foto-2025-275x350.jpg)
Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq
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No mês de dezembro de 2024, o pensador e ativista Ailton Krenak ministrou uma das conferências de inauguração da cátedra Darcy Ribeiro no Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E ao (re)ler um artigo publicado pelo colega Ewerton Martins Ribeiro e Teresa Sanches, que foi publicada na UFMG, no dia 02 de dezembro de 2024, no qual resgata a conferência proferida pelo catedrático Krenak, pretendo neste artigo e nos próximso artigos apresentar e problematizar algumas questões a partir do prisma da Educação.
“Darcy Ribeiro conviveu com uma geração que se sentia intimidada, pela arrogância do pensamento colonial, a evitar ter ideias próprias. Os pensadores da América Latina [a meu ver da Améfrica Ladina citando Lélia Gonzalez] evitavam ter ideias próprias porque tê-las impedia que eles dialogassem com o que era a produção moderna ou contemporânea de um mundo [colonial] definido por publicações em inglês, francês ou alemão – bibliografias grandiosas, mas que não incluíam os latino-americanos. O Darcy, contudo, não tinha medo de pensar. Obviamente, quem não tem medo de pensar pode incorrer em algum erro, em algum equívoco. Mas isso não importa. O que importa é ter coragem de pensar. E Darcy tinha. Ele tinha aquela maneira tão gentil dele de se comunicar com todos nós, e isso possibilitava uma abertura ampla de entendimento do que ele estava propondo e das possibilidades de diálogo. Com os povos indígenas, durante a vida toda, eu acho que o Darcy se sentiu em casa.”
“Até o século 19, começo do século 20, a única narrativa que todo mundo podia acessar era a de que nós [os indígenas latino-americanos] éramos um povo beneficiário da presença colonial entre nós, que teria vindo nos ‘modernizar’, nos ‘civilizar’. Quando Darcy optou por uma ideia de povos-testemunhos, ele estava confrontando a narrativa instituída. Estamos olhando agora uma história muito antiga, de quando a Europa tinha a arrogância de contar a história do mundo na perspectiva de que tudo aconteceu a partir dela. Daryc Ribeiro [em contraponto a essa tradição] nos deixou uma obra monumental nos campos da literatura, da antropologia, das artes, da política. Ele não foi uma pessoa com um ‘único sinal’. Ele deixou muitas pistas para que a gente pudesse falar dele, tocar sua presença como cidadão, como sujeito que imaginou o Brasil. O nosso querido Darcy Ribeiro foi uma pessoa tão maravilhosa, tão plural, que nos ofereceu várias entradas para nos referirmos a ele.”