Como interpretar palavras e significados

As palavras significam e é inegável a sua importância. Afinal, elas formam expressões, frases e textos, possibilitando um elemento essencial da interação humana: a comunicação. A área dos estudos da linguagem que investiga os significados das palavras é a semântica. Graças a ela, a interpretação de textos pode ser alcançada, considerando os contextos comunicativos e os dois principais aspectos do significado: a denotação e a conotação.

A denotação é um conceito da semântica que se refere ao significado literal e objetivo de uma palavra, mais precisamente, ao sentido próprio, encontrado no dicionário. Esse significado real não permite mais de uma interpretação. Logo, esse tipo de linguagem, conhecida como denotativa, é comumente utilizada em textos informativos, científicos ou técnicos. É o caso da frase “Ignorando as leis, a empresa usou o trator na área proibida”. Trata-se de frase cuja estrutura é denotativa porque todos os termos correspondem ao significado do dicionário.

A conotação, por sua vez, expande os significados que uma palavra pode assumir para além da definição literal registrada no dicionário. Dependendo do contexto, um termo pode assumir acepções subjetivas, que mais sugerem do que informam. Aliás, o sentido figurado é mais comum nos usos coloquial e literário da língua. Em “Esse funcionário é um trator”, o sentido da palavra trator é figurado, isto é, conotativo. Trata-se de uma metáfora, pois associa características do trator, como força e determinação, ao desempenho do funcionário. A intenção é destacar essas qualidades.

Interpretar é, portanto, um processo que demanda do leitor comparar o que lê, cada palavra, com o seu significado real. Esse é o primeiro passo! O segundo ocorre quando alguma palavra destoa do significado encontrado no dicionário: é preciso entender, mediante contexto, o novo sentido assumido. De fato, é crucial tanto para uma leitura atenta quanto para uma compreensão eficaz de um texto conotativo, rico em palavras figuradas, ideias implícitas e subtextos, que o leitor tenha adquirido, de maneira consistente, uma parte significativa do repertório que os dicionários oferecem.

Luciano Borges é Doutor em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, na área dos estudos discursivos e textuais – literatura, artes e mídias digitais