É muito comum os pacientes se queixarem de “queimação” durante a consulta com o gastroenterologista. A queimação é um dos sintomas que pode ocorrer na doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), uma doença gastrointestinal bastante prevalente no Brasil.

A DRGE consiste no refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago, causando sintomas incômodos para o paciente e podendo até mesmo ocasionar complicações, e ocorre devido ao mal funcionamento do esfíncter esofágico, músculo que tem como função impedir o retorno para o esôfago do conteúdo que está no estômago. O sintoma mais comum é a azia (queimação), que pode ser acompanhada de volta de alimento também. Pode haver manifestações menos comuns, como tosse, rouquidão, sensação de nó na garganta e até dificuldade para engolir.

O refluxo prolongado pode gerar complicações esofágicas como: inflamação, rupturas da superfície interna (erosões), estreitamento e inclusive alterações nas células que revestem esse órgão, que podem até mesmo aumentar o risco do surgimento de células cancerosas no esôfago. São fatores de risco para a DRGE: obesidade, gravidez, tabagismo e ingestão de café, álcool e alimentos gordurosos.

O diagnóstico pode ser realizado clinicamente, com base nos sintomas e na resposta à terapia de supressão ácida (prova terapêutica) quando em pacientes mais jovens. A endoscopia digestiva alta é utilizada como exame diagnóstico e para avaliar complicações. O tratamento consiste no uso de medicamentos e, principalmente, mudanças comportamentais que podem incluir perda de peso, cessação de tabagismo e alcoolismo e evitar refeições de 2 a 3 horas antes de dormir. Caso apresente algum desses sintomas, procure o médico, pois apenas ele pode diagnosticar e indicar o tratamento correto.

Maria Clara Lopes Spolaor, estudante do 8º período do curso de medicina da FACISB, orientada pelo prof. João Luiz Brisotti