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Eis que surge um novo início

Diocese de Barretos - 20 de abril de 2025

Eis que surge um novo início

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Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Quando tudo parecia ter se encerrado sob a pedra colocada na entrada do túmulo onde Jesus foi sepultado, eis que algo extraordinário acontece. Ainda bem cedo se vê que Maria Madalena vai à sepultura de Jesus. Na penumbra do dia que amanhece, quando tudo respirava silêncio, quietude, eis que Maria Madalena se depara com o sepulcro aberto e vazio. O relato nos fala do espanto dos discípulos diante da notícia de Maria. Tudo parece recobrar a vida. Os discípulos estremecem do próprio torpor e começam a se movimentar depressa: “Maria Madalena vai correndo até Simão Pedro... Simão Pedro, então se precipita para fora com o outro discípulo... Corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa...” Quando tudo parecia terminado, eis que surge um novo início. As faixas de linho que envolviam o cadáver de Jesus estão jogadas no chão e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar a parte. Merece nossa atenção “o outro discípulo” de que nos fala o evangelho. Nós o identificamos com “o discípulo que Jesus amava”, com João o apóstolo a quem é atribuído este evangelho. No evangelho ele está sempre ligado a Pedro. Torna-se discípulo de Cristo antes de Pedro (1, 35-40); sabe distinguir quem está ao lado de Cristo e quem está contra ele (13, 23-26); permanece junto do Mestre durante a paixão, ao passo que Pedro fica parado e o nega (18, 15-27); acompanha Jesus até o Calvário, Pedro, ao invés, foge (19, 25-27). No episódio do sepulcro vazio, Pedro parece novamente vencido por ele, tanto na corrida até a sepultura, como na capacidade de crer. Este discípulo é um modelo para nós. Assim como ele fez, nós somos chamados a fazer: num mundo marcado por tantos sinais de morte, somos chamados a reconhecer a vida, a presença do Senhor Jesus Ressuscitado, aquele que é mais forte que a morte; aquele que nos traz a certeza da vida. Alegremo-nos com a Igreja neste dia que celebramos a Páscoa do Senhor Ressuscitado. Ele quer contagiar-nos com a sua vida, comunicar-nos a alegria verdadeira. Ele quer que também nós nos coloquemos a caminho como fizeram Maria Madalena, Pedro e o “outro discípulo” para anunciar que a vida venceu a morte. Mais do que por nossas palavras, somos chamados a testemunhar a Ressurreição com a nossa vida. Manifestando por nossa vida a nossa fé nós atestamos ao mundo que Aquele em quem cremos vive e temos a oportunidade de nos encontrar com Ele. Não é a sepultura vazia, as faixas e os panos que comprovam a ressurreição do Senhor; mas, a vida dos discípulos que encontrando-se com Ele não foram capazes de guardar para si esta novidade, mas a transmitiram ao mundo todo não somente pelas suas palavras, mas pelas suas vidas. A todos meus votos de uma santa e feliz Páscoa!