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“Ele os ensinava como quem tem autoridade”

Diocese de Barretos - 13 de março de 2025

“Ele os ensinava como quem tem autoridade”

“Ele os ensinava como quem tem autoridade”

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Por Pe. Ronaldo José Miguel, Reitor Seminário de Barretos.

São os evangelistas Marcos e Mateus que mencionam o ensinamento dado por Jesus “como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei” (cf. Mc 1,22; Mt 7,29). No Evangelho de Marcos, Jesus está pregando na sinagoga de Cafarnaum, e seu ensinamento provoca a admiração de todos por dois motivos bem conexos: Ele realiza a cura de um homem possuído por um espírito impuro e essa cura ocorre em um dia de sábado. Com isso, não apenas revela a autoridade de suas palavras sobre o endemoniado — “Ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem” (Mc 1,28) —, mas também desafia a interpretação legalista da Lei ao realizar essa cura no dia sagrado do repouso. Tal episódio revela duas características da autoridade de Jesus: a eficácia de suas palavras — Ele diz e acontece — e sua superioridade sobre a Lei, pois Ele cura em um dia proibido. Já no Evangelho de Mateus, após dar várias instruções aos discípulos no Sermão da Montanha e convidá-los a pôr em prática a vontade do Pai e suas palavras (cf. Mt 7,21.24), Jesus suscita a admiração de toda a multidão por seus ensinamentos. De fato, a autoridade de Jesus é fruto de sua íntima comunhão com o Pai e o Espírito Santo, manifestando-se na total obediência e submissão à vontade divina até a morte na cruz. Após sua ressurreição, Ele mesmo declara: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28,18). Ao fazer o bem às pessoas, Jesus demonstra que sua autoridade nasce de sua obediência ao Pai e de sua autodoação ao próximo, partilhando seu poder com aqueles que, por causa do pecado, perderam a autoridade neste mundo. Vale destacar que Jesus tem o poder de dar poder às pessoas, possibilitando-lhes a salvação. Ou seja, Ele concede às pessoas a mesma dignidade e autoridade que Ele próprio tem diante do Pai, tornando-as filhos de Deus: “E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abá, Pai’” (Gl 4,6). Visto que o Espírito Santo é o critério de autenticidade da autoridade cristã, esta jamais pode ser usurpada ou exercida por alguém que não tenha recebido essa missão por meio da Igreja. Os próprios ritos litúrgicos de ordenações, instituições ou consagrações deixam claro a quem compete exercer determinado ministério ou ofício eclesiástico. As provisões ou decretos canônicos descrevem com precisão os responsáveis pelo exercício de cada função na Igreja. Trata-se de algo que vai além de um simples reconhecimento jurídico e canônico: quando se reza sobre alguém, invocando o Espírito Santo para que exerça um ministério na comunidade, significa que essa pessoa — e não outra — é o sujeito da autoridade conferida pelo próprio Espírito. Assim, a autoridade religiosa não pode ser exercida por quem não a recebeu. Somente aquele que recebeu a missão de exercer determinado ministério em nome da Igreja tem o poder, no Espírito Santo, de discernir o que está sob sua autoridade. Jesus deixou isso claro ao responder a Pilatos: “Tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado do alto” (Jo 19,11).