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Entidades reagem a caso de racismo em clube de Barretos

O Diário - 11 de janeiro de 2025

Entidades reagem a caso de racismo em clube de Barretos

Luciana Pena: População deve procurar o Conselho e a Secretaria da Justiça para garantir que seus direitos sejam respeitados

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O caso de racismo ocorrido no final de semana em clube de Barretos, vem gerando repercussão e reação de entidades ligadas à causa da igualdade racial.  Uma mulher de 36 anos, residente no Rio de Janeiro e que realiza tratamento oncológico na cidade desde 2021, procurou a Delegacia de Barretos no dia 8 de janeiro para registrar uma denúncia de injúria racial. Ela relatou que foi contratada para trabalho eventual no clube em dezembro de 2023 e foi dispensada no dia 6 de janeiro deste ano. Segundo a vítima, no dia 4 de janeiro, enquanto trabalhava como atendente no Bar da Ilha, uma sócia do clube a agrediu verbalmente, chamando-a de "negra" e "burra", e fazendo comentários racistas, afirmando que sua descendência era europeia e que havia uma diferença visível no cabelo.

 A agressora ainda teria dito que desejava abaixar as calças e "defecar" sobre ela, além de ameaçar atirar o telefone no rosto da funcionária.  A mulher relatou o incidente à chefia de segurança do clube, que após revisar as imagens das câmeras de monitoramento, confirmou a veracidade da ocorrência. Todas essas informações relatadas em boletim de ocorrência registrado como Injúria Racial.

Em resposta ao caso, diversas entidades se manifestaram, incluindo representantes da esfera municipal e estadual.

COMIR- Priscylla Silvério, presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial, explicou que, após tomar conhecimento do caso, acompanhou a vítima à delegacia para registrar o boletim de ocorrência. "O Conselho está acompanhando o caso para garantir um processo justo e que os direitos da vítima sejam respeitados", afirmou Priscylla, destacando a importância da denúncia como forma de combater o racismo e promover a igualdade.

COMPPIR- Francisco Salviano, o “Tico”, coordenador da Coordenadoria Municipal de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (COMPPIR), relatou que a vítima foi orientada a registrar o boletim de ocorrência com o apoio da coordenadoria e do advogado Renato Alcântara. "A coordenadoria e o Conselho estão acompanhando o caso, e o delegado está conduzindo as investigações para apurar os fatos", afirmou Tico.

CPDCN -Luciana Pena, Conselheira Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo, destacou a importância de denunciar crimes de racismo. "Racismo é crime, tem que denunciar. O primeiro passo é fazer o boletim de ocorrência, e a vítima pode também realizar uma denúncia na secretaria da Justiça, através da Comissão Especial de Discriminação Racial", afirmou.

Luciana ainda ressaltou que, ao longo de sua atuação, acompanhou três casos de racismo em Barretos que resultaram em condenações. Ela incentivou a população a procurar o Conselho e a secretaria da Justiça para garantir que seus direitos sejam respeitados.

A coordenadoria e as entidades envolvidas reforçam que a denúncia de casos de racismo e injúria racial é fundamental para que a justiça seja feita. A população pode buscar apoio nas entidades locais e registrar ocorrências tanto na delegacia quanto na secretaria da Justiça.

INVESTIGAÇÃO EM ANDAMENTO

O delegado Marcelo Gambi Alves, da Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Barretos, confirmou o início das investigações do caso com despacho para o setor de investigação identificar e notificar as partes para oitivas. "Ainda não temos a identificação de quem cometeu as ofensas. A abertura do inquérito policial ocorrerá a partir dessa etapa", informou o delegado.

POSICIONAMENTO DO CLUBE

Em nota oficial, o Rio das Pedras Country Club manifestou seu repúdio a qualquer ato de racismo e afirmou que o caso não havia sido comunicado previamente à diretoria, o que impediu uma ação imediata. A nota também esclareceu que a vítima não era funcionária contratada, mas sim prestadora de serviços eventuais, e reafirmou o compromisso do clube com a promoção de um ambiente seguro e respeitoso. "A diretoria iniciou um procedimento interno para apurar os fatos relatados e tomar as medidas cabíveis", declarou o clube.