Escola Cívico-Militar
O Diário - 25 de abril de 2025

Professora Michela Rita
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Nos últimos dias, Barretos entrou no radar de uma discussão que afeta diretamente o futuro da nossa educação pública: a possível implantação de escolas cívico-militares na cidade.
É preciso deixar claro: essas escolas não são uma nova modalidade de ensino da Educação Básica, como muitos tentam fazer parecer. Trata-se de escolas regulares, com uma gestão militarizada, que inclui a presença de ex-policiais, bombeiros e seguranças em funções que, até então, pertenciam a educadores e profissionais da educação.
O discurso de que esse modelo “melhora a qualidade do ensino” esconde um projeto que prioriza a disciplina autoritária, a rigidez comportamental e a padronização de corpos e pensamentos — justamente o oposto do que a ciência da educação preconiza: autonomia, pensamento crítico, diálogo e liberdade.
Além disso, a implantação dessas escolas fere diretamente o que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que garante o direito da criança e do adolescente a uma vaga em escola pública próxima de sua residência ou do local de trabalho de seus responsáveis. Com a militarização de algumas unidades, famílias serão obrigadas a optar entre manter seus filhos longe de casa ou aceitar um modelo que não dialoga com os princípios democráticos.
Não podemos ignorar o contexto: há uma tentativa de terceirizar a gestão pública da educação para empresas privadas ligadas a ex-militares, sem experiência na área educacional, num movimento que aprofunda a privatização do ensino e abre mão de um projeto pedagógico comprometido com a formação cidadã.