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Escola, racismo estrutural e direitos humanos

kleber-aparecido-da-silva - 19 de janeiro de 2023

<strong>Escola, racismo estrutural e direitos humanos</strong>

Kleber Aparecido da Silva -  Professor Associado 2 do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília, Brasil. Foi Visiting Scholar no Centro da Fundação Lemann no Departamento de Educação na Stanford University/California/Estados Unidos em 2022. É Bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq 

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O descaso pelo ensino público está no âmago do racismo estrutural. Sendo assim, me pergunto: como pensar a escola, em especial a pública, na perspectiva dos direitos humanos?. Para problematizar esta importante questão recorro a minha própria história, as minhas escrevivências - citando Conceição Evaristo-, vivenciadas por mim e pelos meus irmãos na Escola Benedito Realindo Correa no Ensino Fundamental 1 e 2 e Embaixador Macedo Soares no Ensino Médio. Estas escolas foram muito importantes para a minha constituição identitária como cidadão e como professor/educador negro. Mas também foi o lugar onde eu convivi com diferentes tipos de racismos, preconceitos, desigualdades sociais e bullying. Compreendo os desafios de ser pobre em Barretos e de ter que lutar para estudar para galgar aquilo que eu tanto desejava. O meu desejo nunca foi de ser rico, mas de ter condições de manter e de auxiliar os membros da minha família. 

Ao fazer este exercício de refletir profundamente acerca das minhas escrevivências penso de que a consciência dos diferentes racismos presentes em Barretos e no Brasil como um todo – um país que atenua racismos que são reificados diariamente, me levou a desenvolver pesquisas propositivas com e em prol de comunidades marginalizadas no Brasil e isto tem me feito (re)pensar criticamente/decolonialmente as políticas públicas em prol destas comunidades que foram “minoritarizadas” no Brasil. Pensar política pública e política educacional é segundo Macaé Evaristo “(...) olhar para os sujeitos”. Para esta grande pensadora negra, “não adianta só pensar em um projeto, uma política. No Brasil fala-se muito de conteúdos, de métricas, de resultados, mas pouco das condicionalidades”, de estabelecer condições objetivas e propositivas para as crianças construírem trajetórias de sucesso. 

A meu ver, é preciso combater os diferentes tipos de racismos na escola, olhar as famílias que estão colocadas à margem da sociedade e que se encontram imersas num racismo institucional/estrutural segregadas em bairros muitas vezes sem nenhuma qualidade para “viver”, mas para “sobreviver”. E para que haja uma mudança paradigmática é necessário o (re)construir de políticas educacionais que sejam consonantes aos direitos humanos.