Escravização de pessoas negras no Brasil
O Diário - 7 de dezembro de 2024
Kleber Aparecido da Silva é professor Associado 3 dos Cursos de Letras e de Relações Internacionais da UnB. É Bolsista de Produtividade em Pesquisa pelo CNPq – 2ª
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No dia 21 de novembro de 2024, o Governo Federal, em nome do Estado brasileiro, no Auditório que estava completamente lotado na Escola da Advocacia Geral da União, o Ministro Jorge Messias pediu publicamente desculpas à população negra pela escravização das pessoas negras e seus efeitos. Durante este momento histórico do pedido de desculpas, a Ministra Macaé Evaristo rememorou a luta da população negra por liberdade, igualdade e conquista de direitos. “(...) Nessa caminhada de luta, que é abolicionista, que a gente lutou e continua lutando por liberdade, a gente vem construindo a cada dia passos muito importantes. Essa memória de mais de 300 anos de escravatura não acaba no 13 de maio, porque o 14 de maio começa com o total abandono da população negra no país”, lembrou.
A Ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, fez referência à memória de sua irmã, a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. “Para além do pedido de desculpas, no ano de 2024, nós tivemos a condenação dos assassinos de minha irmã. Não é normal a cada dia e em cada instante a gente ter que lidar com essas mazelas e essas dores. São desafios enormes e, por isso, é importante a gente pensar esse trabalho coletivo, um trabalho coletivo concreto”, disse.
Já o advogado-geral da União, Jorge Messias proferiu a leitura do pedido de desculpas oficial em nome do Estado brasileiro à população negra. “A União manifesta publicamente o pedido de desculpas pela escravização das pessoas negras, bem como de seus efeitos. Reconhece que é necessário envidar esforços para combater a discriminação racial e promover a emancipação das pessoas negras brasileiras. Por fim, compromete-se a potencializar o foco de criação de políticas públicas com essa finalidade”, leu Messias. Em síntese, o que ocorreu no Brasil no dia 21 de novembro de 2024, reescreve, rememora e resignifica uma história (não mais uma estória de ninar dos da casa grande) que realmente existiu, e desmistifica o mito propagado pela branquitude de que temos no Brasil uma democracia racial, ou seja, que isto se tratara de uma distorção do padrão das relações raciais no Brasil, e que foi (re)construído ideologicamente por uma elite considerada branca, intencional ou involuntariamente, para maquiar a opressiva realidade de desigualdade entre negros e brancos.