Fofocas são como facadas
Diocese de Barretos - 27 de novembro de 2024
Fofocas são como facadas
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(Por: Papa Francisco, Catequeses nov.2018)
Na catequese de hoje abordaremos a oitava Palavra do Decálogo: «Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo».
Este mandamento — reza o Catecismo — «proíbe falsificar a verdade nas relações com outrem» (§ 2464). Viver de comunicações não autênticas é grave, porque impede os relacionamentos e, por conseguinte, também o amor. Onde há mentira não há amor, não pode haver amor. E quando falamos de comunicação entre as pessoas, entendemos não apenas as palavras, mas inclusive os gestos, as atitudes, até os silêncios e as ausências. Uma pessoa fala com tudo aquilo que é e que faz. Todos nós estamos em comunicação, sempre. Todos nós vivemos comunicando e estamos continuamente em equilíbrio entre a verdade e a mentira.
Mas o que significa dizer a verdade? Significa ser sincero? Ou exato? Na realidade, isto não é suficiente, porque podemos estar sinceramente em erro, ou podemos ser exatos no detalhe, mas não entender o sentido do conjunto. Às vezes justificamo-nos dizendo: “Mas eu disse o que sentia!”. Sim, mas absolutizaste o teu ponto de vista. Ou então: “Eu simplesmente disse a verdade!”. Talvez, mas revelaste dados pessoais ou reservados. Quantas bisbilhotices destroem a comunhão por inoportunidade ou falta de delicadeza! Aliás, os mexericos matam, e quem o disse foi o Apóstolo Tiago na sua Carta. Os tagarelas, as tagarelas são pessoas que matam: matam o próximo, porque a língua mata como uma facada. Estai atentos! Um bisbilhoteiro ou uma bisbilhoteira é um terrorista, pois com a sua língua lança a bomba e vai embora tranquilo, mas aquilo que diz aquela bomba lançada destrói a reputação de outrem. Não vos esqueçais: mexericar significa matar.
Mas então: o que é a verdade? Eis a pergunta formulada por Pilatos, precisamente quando Jesus, diante dele, realizava o oitavo mandamento (cf. Jo 18,38). Com efeito, as palavras «Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo» pertencem à linguagem forense. Os Evangelhos culminam na narração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus; e esta é a narração de um processo, da execução da sentença e de uma consequência inaudita.
Interrogado por Pilatos, Jesus diz: «Foi para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo: para dar testemunho da verdade» (Jo 18,37). E Jesus dá este «testemunho» mediante a sua Paixão e Morte. O Evangelista Marcos narra que «o centurião que estava diante de Jesus, ao ver que Ele tinha expirado assim, disse: “Este homem era realmente o Filho de Deus!”» (15,39). Sim, porque era coerente, foi coerente: com esse seu modo de morrer, Jesus manifesta o Pai, o seu amor misericordioso e fiel.
A verdade encontra a sua plena realização na própria pessoa de Jesus (cf. Jo 14,6), no seu modo de viver e de morrer, fruto da sua relação com o Pai. Ele, Ressuscitado, oferece também a nós esta existência de filhos de Deus, enviando o Espírito Santo, que é
Espírito de verdade, o qual confirma ao nosso coração que Deus é nosso Pai (cf. Rm 8,16).