Historiadora relembra “Fogo Bravo de 1870” após queimadas na região
Adelaide Lavanini - 1 de setembro de 2024
HISTÓRIA: Karla Armani Medeiros comentou o incêndio de 24 de agosto de 1870
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Incêndio devastou boa parte do Vale do Rio Grande e a vegetação nativa de Barretos
A historiadora Karla Armani Medeiros relembrou a história do “Fogo Bravo” que assolou Barretos em agosto de 1870. O tema abordado na O Diário FM comparou a gravidade da situação com as frequentes queimadas.
Segundo Karla, em junho de 1870 houve uma grande geada que secou toda vegetação e facilitou o incêndio de agosto. “Dia 24 de agosto de 1870 é uma data emblemática na história, aconteceu a queimada que devastou a vegetação nativa em Barretos que na época era um pequeno arraial pertencente à Jaboticabal”, disse. O “Fogo Bravo” que durou vários dias, atingiu áreas de fazendas e devastou praticamente todo o Vale do Rio Grande.
Conforme a historiadora, 20 anos antes em 1850, outra geada de grandes proporções também provocou prejuízos à região. “Naquela época já sabiam que as queimadas não eram causas naturais, dentre outras existia a prática dos roceiros para plantar novamente”, disse. “A prática desordenada foi um dos fatores para que o fogo se alastrasse na vegetação”, ponderou.
Karla ressalta que os fazendeiros ateavam fogo na vegetação nativa para abrir estradas, especialmente com objetivo de comunicação com Minas Gerais. “Portanto desde 1870 esses atos são praticados, nunca foram causas naturais e sempre existiam motivos para os incêndios”, afirmou. Posteriormente, nos anos 1940, época de construção da escrita da história da cidade, criou-se o mito de que Barretos teria se desenvolvido economicamente por causa do fenômeno de 1870.
“Como se o “fogo bravo” tivesse sido o motivo de Barretos ter se tornado centro pecuário por causa da transformação da vegetação em pastos e das aberturas das estradas e caminhos a Minas Gerais”, disse. Karla acrescenta que análises históricas mais recentes entendem que são diversos e complexos os motivos do desenvolvimento econômico de Barretos, não apenas essa narrativa mítica criada em torno da real queimada de 1870 e suas consequências.