(Por: Diácono Lombardi),

Dentre os doze apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus, que é Deus, temos duas duplas de irmãos: Pedro e seu irmão André; Tiago e João, filhos de Zebedeu e Salomé. Pedro, Tiago e João são os três que sempre estiveram mais próximos de Jesus em várias ocasiões que os evangelhos nos relatam: quando a filhinha de Jairo já estava sendo velada, foi revivida por Jesus na presença desses três apóstolos. Igualmente Pedro, Tiago e João presenciaram a transfiguração do Senhor, e eram os acompanhantes dele no Jardim das Oliveiras, momentos antes de ser preso.

Também se constituiu um fato marcante o dia em que a mãe de Tiago e João, ou talvez eles próprios, chegaram a pedir a Jesus cargos importantes no reino que Jesus iria implantar. Eles ainda não tinham entendido a natureza espiritual desse reino de Deus. Aliás, foi uma ocasião propícia para o divino Mestre nos ensinar que o poder é dado por Deus não para a pessoa se beneficiar a si mesma, ou a seus familiares ou grupos, mas que o poder é dado para o seu detentor servir os demais, a comunidade,

Esse é o mal que se apodera de muitos “poderosos”, tão criticados por Jesus em seu tempo, porque sempre é assim, como ele mesmo, nessa ocasião do pedido dos dois, fez questão de ressaltar: “Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo” (Mt 20,20ss).

Aliás, como é fácil entender os motivos que, em todos os milênios na história da humanidade, sempre levaram suas respectivas populações a uma vida na pobreza ou, pior, na miséria, que os tiranos e governantes em geral criam e mantêm. Completamente dominados por instintos perversos de enriquecimento e ganância insaciável, apropriam-se criminosamente das riquezas que amealham através de impostos abusivos e explorações do trabalho de seus súditos, exclusivamente para desfrutar dos prazeres mundanos, mas efêmeros, que suas posses permitem.

No cântico de Maria, ela proclama as sábias palavras das Sagradas Escrituras: “Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. De bens saciou os famintos e despediu os ricos sem nada” (Lc 1,52s). Isso vem acontecendo em todas as gerações, porque todos os tiranos, governantes e enriquecidos injustamente, já tiveram o juízo divino quando deixaram esse mundo. Quanto aos que ainda aqui se encontram, o aviso carinhoso, mas enérgico, que a Igreja, por missão, dirige a todos é no sentido de que abandonem suas práticas gananciosas e entendam o que significa verdadeiramente o poder de que estão investidos.